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Atualização - Linha de cuidado à pessoa com sobrepeso e obesidade da rede de atenção à saúde (RAS) do munícipio de São Paulo

Comentários sobre a versão preliminar

atualizado em 28 Fev 2023
Comentários sobre
5.7 Saúde da População Negra Em relação à população negra é importante que a atuação das equipes de saúde sejam feitas durante todas as etapas do ciclo de vida, pois as condições alimentares na infância podem afetar o metabolismo de forma definitiva. Assim sendo, observa-se entre aqueles que tiveram uma infância com baixo nível socioeconômico, o risco de ganho de peso ao longo da vida adulta foi maior entre negros e mulheres. Em estudo realizado por Moretto M.C com uma mostra de idosos brasileiros, verificou-se o efeito da cor/raça branca nos maiores valores de CC (circunferência de cintura) e RCQ (relação cintura- quadril), somente no gênero masculino, independentemente da presença de diabetes autorrelatado. Isso pode ser explicado pelo fato de que homens negros tendem a ocupar profissões de mais baixa remuneração e com maior necessidade de atividade física quando comparados aos homens brancos. Entretanto, ao considerar apenas os indivíduos diabéticos, a cor/raça preta passou a associar-se à obesidade geral (IMC) e central (CC), em comparação à cor/raça parda, apenas entre as mulheres, sendo o grupo das mulheres pretas o que mais vem apresentando aumento nos índices de obesidade quando comparado aos demais. O efeito da cor/raça nas medidas de adiposidade corporal ocorreu mesmo com o ajuste de variáveis socioeconômicas (escolaridade e renda familiar). Existe uma relação complexa entre raça, obesidade, nível socioeconômico e gênero, cuja especificidade se dá em função do contexto sócio-histórico. Possíveis explicações para as disparidades raciais e de gênero na obesidade residem nos efeitos fisiológicos e psicológicos do estresse causado por discriminação racial. Esse estresse catalisa processos fisiológicos, tais quais as alterações hormonais que aumentam a retenção de gordura estimulando o apetite e suprimindo o sistema de saciedade. Além disso, o sofrimento psíquico proveniente da tentativa de se adequar a um ambiente de práticas discriminatórias pode impulsionar o maior consumo de alimentos. Diferenças culturais também podem fornecer explicações para essa disparidade, como a maior satisfação entre as mulheres negras com um corpo de medidas maiores que o padrão habitual em comparação às mulheres brancas. O maior consumo de alimentos com alto teor calórico e baixo valor nutricional e o menor índice de amamentação entre minorias raciais são outros fatores que poderiam promover ambientes onde há risco aumentado de ganho de peso ao longo do tempo. Muitos fatores estão associados à menor proporção de amamentação entre mulheres negras, incluindo idade mais jovem no momento do parto, menor renda, menor escolaridade, retorno mais cedo ao trabalho e menor apoio social do parceiro. Dessa forma, a área técnica recomenda que sejam feitas as seguintes ações com foco na população negra:

Comentários (1)


Fora do período de participação
  • augustoximenez
    augustoximenez  •  Autor  •  09/03/2023 - 14:09

    Apesar de interessantes e, de fato, necessárias, tais ações sugestionadas no documento esquecem um importante fator no que tange a vida da população negra: o racismo estrutural. Uma análise crítica de todas as recomendações revela que as raízes dos problemas atacados estão no racismo sistemático que assola a população negra do país. Engana-se quem pensa que o Estado, e seus agentes, estão imunes a pensamentos tão enraizados numa cultura de mais de trezentos anos de escravidão. O acesso à saúde pode sim ser racista e esse fato deveria ter sido levado em consideração no momento de elaboração do presente documento. Para além de sugestões de como atender à população negra, é necessário que os desenvolvedores de políticas públicas pensem em como prever que os representantes do Estado (seus funcionários) reproduzam comportamentos que estão presentes no dia a dia da mentalidade brasileira, pois estes representam um pensamento hegemônico e racista.

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