Descrição
Os Protocolos de Enfermagem são instrumentos fundamentais de apoio a uma prática segura, com respaldo ético e legal. Além disso, asseguram a autonomia da categoria, à medida que a própria Lei do Exercício Profissional da enfermagem (Nº7498/86) estabelece a importância do respaldo nos protocolos institucionais. (Portaria MS 2436/17). As políticas públicas da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo, conta com a participação efetiva dos profissionais da equipe de enfermagem para o desenvolvimento de suas diretrizes, com a finalidade de proporcionar aos profissionais enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, um instrumento de consulta para orientação de fluxos e atualização de condutas em saúde, garantindo uma assistência de enfermagem qualificada, zelando pela segurança dos usuários do SUS. Esta edição contempla todas as fases do desenvolvimento abordando a atenção integral às crianças, adolescentes e famílias, no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Descreve as ações de enfermagem, atualizações nas solicitações de exames e prescrições medicamentosas (Coren 2019). Abrange a atuação da equipe de enfermagem na assistência às crianças e adolescentes em situação vulnerabilidade e de violência.
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INTRODUÇÃO
Os Protocolos de Enfermagem são instrumentos fundamentais de apoio a uma prática segura, com respaldo ético e legal. Além disso, asseguram a autonomia da categoria, à medida que a própria Lei do Exercício Profissional da enfermagem (Nº7498/86) estabelece a importância do respaldo nos protocolos institucionais. (Portaria MS 2436/17).
O papel da equipe de enfermagem atuando de forma integrada junto aos profissionais de saúde das unidades é fundamental para consolidar os objetivos do desenvolvimento sustentável, propostos pela organização das Nações Unidas (ONU) - Agenda 2030, na saúde da criança: “acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para, pelo menos, 12 por 1.000 nascidos vivos, e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para, pelo menos, 25 por 1.000 nascidos vivos”.
As políticas públicas da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo, conta com a participação efetiva dos profissionais da equipe de enfermagem para o desenvolvimento de suas diretrizes, com a finalidade de proporcionar aos profissionais enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, um instrumento de consulta para orientação de fluxos e atualização de condutas em saúde, garantindo uma assistência de enfermagem qualificada, zelando pela segurança dos usuários do SUS.
Esta edição contempla todas as fases do desenvolvimento abordando a atenção integral às crianças, adolescentes e famílias, no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Descreve as ações de enfermagem, atualizações nas solicitações de exames e prescrições medicamentosas (Coren 2019). Abrange a atuação da equipe de enfermagem na assistência às crianças e adolescentes em situação vulnerabilidade e de violência.
Agradecemos a colaboração de todos os profissionais que atuaram na construção deste documento trazendo seus conhecimentos e experiências para enriquecer o conteúdo fortalecendo as políticas públicas no nosso município.
Este documento não tem a intenção de atender todos os aspectos relativos ao tema, mas se constitui como um norteador importante para a prática diária da(o) enfermeira(o), respaldado pela Lei do Exercício Profissional nº 7498/86, Decreto Lei nº 94.406/87, e todas as demais Legislações pertinentes em vigência.
Equipe Técnica da Assistência de Enfermagem
Capítulo 1 – POLÍTICAS DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA
A atenção à saúde da criança inclui uma sequência de ações de promoção à saúde e medidas protetivas e preventivas, iniciadas ainda durante a gestação, de forma integral e integrada.
Segundo os objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) - Agenda 2030, na saúde da criança espera-se “acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para, pelo menos, 12 por 1.000 nascidos vivos, e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para, pelo menos, 25 por 1.000 nascidos vivos”.
A criança tem os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à dignidade e à proteção integral garantidos pela Constituição Federal de 1988, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, Marco Legal da Primeira Infância, Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Crianças (PNAISC), entre outras leis. Vale ressaltar que as medidas para garantir e defender esses direitos são de responsabilidade do governo, da sociedade e da família.
A PNAISC tem por objetivo promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante a atenção e cuidados integrais e integrados da gestação aos 9 (nove) anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.
Os sete eixos estratégicos que compõem a PNAISC tratam de elementos essenciais para a garantia do direito à vida e da atenção integral à saúde infantil, sendo eles: 1. Atenção Humanizada e Qualificada à Gestação, ao Parto, ao Nascimento e ao Recém-Nascido; 2. Aleitamento Materno; 3. Alimentação Complementar Saudável; 4. Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do Desenvolvimento Integral; 5. Atenção Integral a Crianças, com Agravos Prevalentes na Infância e com Doenças Crônicas; 6. Atenção Integral à Criança em Situação de Violências, Prevenção de Acidentes e Promoção da Cultura de Paz; Atenção à Saúde de Crianças com Deficiência ou em Situações Específicas e de Vulnerabilidade; 7. Vigilância e Prevenção do Óbito Infantil, Fetal e Materno.
A Política Municipal de Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente do Munícipio de São Paulo (PMAISCA) considera:
I - Primeira Infância: indivíduo na faixa etária de 0 (zero) a 5 (cinco) anos 11 meses e 29 dias;
II - Criança: indivíduo na faixa etária de 0 (zero) a 9 (nove) anos 11 meses e 29 dias;
II – Adolescente: indivíduo na faixa etária de 10 a 19 anos 11meses e 29 dias.
A PMAISCA se organiza a partir da Rede de Atenção à Saúde e de seus eixos estratégicos, mediante a articulação das áreas técnicas, coordenações, ações e serviços de saúde. É transversal, atuando em todos os níveis de atenção e descentralizada, por meio da construção coletiva e participativa quanto à discussão, articulação, planejamento e monitoramento das ações.
Alguns princípios norteadores da política municipal são: Planejamento e o desenvolvimento de ações integradas; Acesso universal; Acolhimento: a criança tem agenda programática e demanda eventual e Equidade: priorização das crianças e suas famílias em situação de risco e/ou vulnerabilidade.
A enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS) tem o objetivo de prevenir a ocorrência de situações e agravos que possam repercutir negativamente no crescimento e no desenvolvimento da criança e influenciar positivamente na aquisição de competências e habilidades do ser humano que está em evolução.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 2 - CONSULTA DE ENFERMAGEM E PROCESSO DE ENFERMAGEM NA APS
A Consulta de Enfermagem a uma criança/adolescente e família exige raciocínio clínico acurado, subsidiado pelo Processo de Enfermagem (PE), conforme descrito na Resolução COFEN nº 736/24.
No cotidiano de atuação da APS, o encontro clínico entre o(a) enfermeiro(a) e a criança acontece nos consultórios, no território, onde quer que ele possa produzir cuidados. São nestes espaços, onde ocorre atendimento/consulta, que o(a) enfermeiro(a), em uso do Processo de Enfermagem, realiza seu raciocínio clínico, considerando não só os aspectos fisiológicos ou fisiopatológicos, mas também a forma como a determinação social do processo saúde-doença atravessa a vida de cada criança/adolescente, família ou comunidade.
O modo como realizamos a consulta influencia muito no raciocínio clínico e faz toda diferença no diagnóstico e grau de intervenção para manejo da queixa apresentada, pela criança e adolescente. Na relação entre profissional, criança e adolescente/família/comunidade é possível exercer influência na autopercepção de saúde das pessoas e sua autonomia para o cuidado, a grande maioria dos sintomas e queixas na APS são indiferenciadas ou inespecíficas, por isso é altamente relevante considerar a subjetividade, a história de vida e a forma com a qual a pessoa se relaciona com o problema ou necessidade apresentada para então, planejar e intervir. Se ao atender uma pessoa, você utilizar uma abordagem centrada do corpo biológico, na medicalização de processos naturais, não baseada em evidências científicas corre grande risco de propor intervenções desnecessárias, que podem ser prejudiciais a vida das crianças e adolescentes e aumentar custos em saúde.
A composição multiprofissional (e-Multi) da APS favorece a colaboração continua entre os profissionais, com objetivo de proporcionar para criança/adolescente, família e comunidade a melhor escolha para manejar os problemas ou necessidades encontradas. O enfermeiro é um profissional com autonomia para atuar de forma resolutiva no manejo de diversas condições, dentro do seu escopo de atuação profissional.
A interconsulta constitui-se em uma potente ferramenta para compartilhamento de saberes entre profissionais. Se preciso for, compartilhe o cuidado da criança/adolescente ou família com outro profissional, em busca de ofertar cuidado integral, contínuo, resolutivo e amparado pelo exercício legal da profissão.
A PORTARIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE - SMS Nº 804 de 29 de Novembro de 2024 regulamenta as práticas de teleassistência no âmbito da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e atualiza os conceitos da teleassistência na modalidade assistencial em saúde, mediada por tecnologias da informação e de comunicação - TIC, realizada com profissional de saúde e usuário localizados em diferentes espaços geográficos, podendo englobar acompanhamento, diagnóstico, tratamento e vigilância epidemiológica
As práticas de teleassistência objetivam ampliar o acesso da população ao Sistema Único de Saúde e configuram atos complementares às ações e serviços de saúde na modalidade presencial.
Conforme o Art. 2º da Portaria da Secretaria Municipal Da Saúde - SMS nº 804 de 29 de novembro de 2024, ficam definidas como práticas de teleassistência:
I - Teleatendimento: atendimento em saúde, mediado por tecnologias da informação e de comunicação - TIC, com profissional de saúde e usuário localizados em diferentes espaços geográficos, podendo se dar nas seguintes modalidades:
a) teleconsulta: atendimento à distância realizado por profissional de saúde de nível superior, mediado por TIC, para fins de diagnóstico, acompanhamento, orientações, prescrição de receitas e exames e demais ações de saúde;
b) teleinterconsulta: prática, mediada por TIC, de interação e troca de informações entre profissionais de saúde de nível superior, com a presença do paciente, para apoio à tomada de decisão em relação a uma situação clínica específica;
c) teleconsultoria: consultoria, mediada por TIC, realizada entre profissionais de saúde, com a finalidade de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo de trabalho;
d) telemonitoramento: ato realizado por profissional de saúde, por meio de TIC, para monitoramento à distância de parâmetros de saúde ou doença do usuário, podendo recorrer ao uso de aparelhos para obtenção de sinais biológicos;
e) teleorientação: fornecimento de orientações à distância, por meio de TIC, aos pacientes, familiares ou responsáveis em cuidados sobre saúde em geral, adequação de conduta clínica terapêutica já estabelecida, condutas pré-exames ou pós-exames diagnósticos, bem como em pós-intervenções clínico-cirúrgicas;
f) teletriagem: ato realizado por profissional de saúde, mediado por TIC, de pré-avaliação dos sintomas para definição e direcionamento de pacientes ao tipo adequado de assistência necessária;
2.1. Registro Clínico/Evolução de Enfermagem
O Registro clínico é fundamental para a garantia da continuidade do cuidado e melhores desfechos na produção do cuidado. Diversos prontuários eletrônicos utilizam a ferramenta para evolução/registro clínico orientado por problemas, definido pelo acrônimo SOAP (Subjetivo/Objetivo/Avaliação/Plano), que pode se interrelacionar com a forma de raciocínio e registro clínico do(a) enfermeiro(a), pelo PE. Abaixo, segue um quadro que descreve esta interrelação:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 3 - PROMOÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
3.1. Vigilância do crescimento e desenvolvimento infantil
O acompanhamento do desenvolvimento biopsicossocial é um marco fundamental da atenção à saúde da criança. Além da importância para promoção da saúde, desenvolvimento de potencialidades, diagnóstico e tratamento precoce de patologias, contribui para uma melhor qualidade de vida. De acordo com as orientações do Ministério da Saúde (MS) encontradas na Caderneta de Saúde da Criança, o seu crescimento e desenvolvimento são importantes indicadores de saúde e sofrem influência de fatores biológicos e ambientais. É importante estimular desde cedo o desenvolvimento da criança para que ela adquira autoconfiança, autoestima e desenvolva capacidade de relacionar-se bem com outras crianças, com a família e com a comunidade.
Vigiar o desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida é de fundamental importância, pois é nesta etapa da vida extrauterina que o tecido nervoso mais cresce e amadurece, estando, portanto, mais sujeito à agravos. É também nesta época que a criança responde melhor aos estímulos que recebe do meio ambiente e às intervenções, quando necessárias portanto, é importante que neste período o profissional de saúde, juntamente com a família e a comunidade, faça a vigilância do desenvolvimento infantil e verifique o adequado preenchimento da Caderneta de Saúde da Criança com os parâmetros para o desenvolvimento.
O crescimento infantil é medido a partir das variáveis: peso (kg), estatura ou comprimento (cm), índice de massa corporal (IMC) (m/kg2) e perímetro cefálico (cm), até os dois (2) anos de idade - período esperado para o fechamento da fontanela anterior. Os gráficos possuem a idade em meses, no eixo horizontal, e as medidas de acordo com cada variável no eixo vertical além de serem próprios para o sexo feminino e masculino, uma vez que o sexo, ao nascer, incorre em diferentes parâmetros de crescimento esperado.
É de suma importância manter o preenchimento da CC e apresentar sugestões a família de maneira adequada para que a criança venha a ser estimulada de acordo com sua idade.
Fonte: Gráfico de peso adaptado Protocolo de Enfermagem de Goiás 2022:
Avaliação do monitoramento do peso3.2. Fatores de Risco ao Desenvolvimento Infantil
Dados e informações a serem avaliados em relação aos riscos e vulnerabilidade
Abaixo segue a descrição de fatores de risco em crianças:
3.3. Recomendações para Consulta de Enfermagem ao recém-nascido, puérpera e família e periodicidade das demais consultas
A primeira consulta de enfermagem ao recém-nascido (RN) e família deve ser realizada até o 10º dia de vida do bebê com o objetivo de identificar as dificuldades enfrentadas pela família no cuidado do RN e suas necessidades de saúde, considerando o grau de vulnerabilidade da família e as condições de riscos para o bebê.
É importante que o profissional esteja atento às condições de saúde da família e considerar que as puérperas podem apresentar depressão pós-parto, baby blues e psicose puerperal. Nesses casos, é importante valorizar o relato dela, observar detalhes de seu comportamento durante o exame físico, reforçando sua confiança e, se necessário, compartilhar o cuidado com equipe multiprofissional.
Registrar em prontuário todas as informações como:
A visita domiciliaria (VD) é uma ferramenta de cuidado fundamental para o acompanhamento da família e do bebê em tempo oportuno, possibilitando a avaliação do ambiente, território, e condições de risco e vulnerabilidades.
Nesta primeira consulta de enfermagem do RN, puérpera e família, o enfermeiro deve direcionar suas ações conforme o quadro abaixo.
Ações do enfermeiro na primeira consulta de enfermagem ao recém-nascido, puérpera e família.
Periodicidade das consultas de puericultura
Conforme as diretrizes da Atenção Básica do Município de São Paulo, recomenda-se o seguinte aprazamento para as consultas de rotina de risco habitual:
Adaptado: Diretrizes da Atenção Básica SMS/SP (2023)
Recomenda-se esta periodicidade de consultas para crianças de médio e alto risco:
¹ Fontanelas: posterior fecha‐se até o 2º mês e a anterior fecha‐se do 9º ao 18º mês.
² Deve-se fazer investigação subsequente somente em crianças e jovens cujos valores estiverem persistentemente acima do percentil 95 das tabelas de referência.
³ Manobras de Barlow e Ortolani nas consultas do 1º mês e 2 meses, testando um membro de cada vez. Após, até a criança caminhar, realizar abdução das pernas.
⁴ Avaliar cicatriz umbilical.
⁵ Criptorquidia: Testículos não palpáveis na bolsa escrotal na primeira consulta do recém-nascido é comum, especialmente em prematuros, na maioria das vezes, os testículos “descem” até os 3 meses de vida, quando o caso deverá ser reavaliado. Se aos 6 meses os testículos não forem apalpados na bolsa escrotal, a criança deve ser encaminhada para melhor avaliação e tratamento.
⁶ Se M-CHAT-R alterado, repetir em um mês, utilizando o M-CHAT-F. Se antes de 18 meses a criança, no acompanhamento dos marcos do desenvolvimento, apresentar a classificação de Provável Atraso no Desenvolvimento Infantil conforme a Caderneta da Criança, a aplicação do M-CHAT-R deverá ser realizada aos 16 meses, conforme orientação da Linha de Cuidado do Espectro Autista
Alguns aspectos importantes aproximam a relação do profissional da saúde com a família:
Sugere-se as chamadas “perguntas gatilho":
3.4. Avaliação do crescimento e desenvolvimento infantil
Verificar:
Orientações gerais para o exame físico no recém-nascido e na criança
O exame físico deve respeitar as características de desenvolvimento do RN, lactente e crianças. Realizar o desnudamento da criança por seguimento corporal (por partes). Estar atento para hipoatividade ou prostração da criança, assim como irritabilidade ou choro excessivo.
Deixar para realizar por último os procedimentos mais estressantes para a criança (mensurações, inspeção das amígdalas, otoscopia e outros)
Exame físico no recém-nascido e na criança
Adaptado: Protocolo de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde no Estado de Goiás (2022) Fonte: Caderneta da Criança (Ministério da Saúde) 7ª Edição. Brasília DF. 2024.
Informações e valores de referência de Apoio ao Exame físico
Ferramenta de Avaliação de anquiloglossia em RN conforme o protocolo Bristol (Dificuldade da criança na pega da mama materna em função do freio lingual curto)
Protocolo Bristol
Valores normais de frequência respiratória por idade.
Valores de frequência
Pressão Arterial (PA)
A medida da PA deve ser realizada a partir dos 3 anos de idade em todas as consultas.
Crianças < 3 anos: Devem ter a PA medida em caso de: prematuridade, baixo peso ao nascer, restrição de crescimento intrauterino, antecedente de internação em UTI neonatal, cardiopatias congênitas, nefropatias, transplante de órgãos sólidos, doença oncológica, uso crônico de medicações que elevam a PA, doenças sistêmicas associadas à hipertensão arterial e evidência de hipertensão intracraniana.
Em crianças com diagnóstico de hipertensão arterial, as metas referentes à terapia não farmacológica e farmacológica devem ser a redução da PA < percentil 90 de acordo com idade, sexo e percentil de estatura e < 130/80 mmHg em adolescentes ≥ 13 anos de idade.
Definição da pressão arterial de acordo com a faixa etária:Considerar a média das 2 últimas de 3 aferições da pressão arterial na consulta com manguitos adequados (Largura: 40% da circunferência braquial e Comprimento: 80% a 100% da circunferência braquial).
Técnica de medida da pressão arterial.
Fonte: Sociedade de Pediatria de São Paulo, Atualização de Condutas em Pediatria. Departamentos Científicos da SPSP, nº 34, 2015.
Alterações da pressão arterial
Sistema locomotor
Observar deformidades ósseas e alteração de mobilidade.
Realizar a Manobra de Ortolani e Barlow (aconselhável até dois meses) para verificar displasia evolutiva do quadril.
Estão descritos abaixo alguns reflexos que devem ser avaliados no RN, durante a consulta de enfermagem.
Avaliação dos Reflexos no RN
REFLEXO DE MAGNUS DE KLEIJN / DO ESGRIMISTA OU
REFLEXO TÔNICO CERVICAL
Em decúbito dorsal, o examinador estabiliza o tórax do RN com uma mão e lateraliza a cabeça com a outra. Ocorre extensão dos membros do lado para qual a face está voltada e flexão dos contralaterais, esboçando a posição de “esgrimista”, sendo detectado até o 3º mês de vida .
REFLEXO CÓCLEOPALPEBRAL
A partir de estímulo sonoro emitido a aproximadamente 30 cm da criança, ela deve piscar os olhos, em resposta. O estímulo deve ser realizado em ambas as orelhas, devendo ser obtido, no máximo, em duas a três tentativas.
FONTE: Cavalcante RS et al (Org). Manual de habilidades profissionais: atenção à saúde do recém-nascido. Belém: EDUEPA, 2019. 116 p.
Realização de triagem do DI com a utilização da Caderneta da Criança – MS
Avaliação do Desenvolvimento Neuropsicomotor
Fonte: Adaptado da Caderneta de Saúde da Criança - Ministério da Saúde. 7ª edição - 2024
3.5. Desenvolvimento da criança dos 3 aos 9 anos, 11 meses e 29 dias
Entre 3 e 4 anos: a criança veste-se com auxílio. Entre 4 e 5 anos: a criança conta ou inventa pequenas histórias. O comportamento da criança é predominantemente egocêntrico; porém, com o passar do tempo, outras crianças começam a se tornar importantes. A partir dos 6 anos: a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja predominantemente concreta. Sua memória e a sua habilidade com a linguagem aumentam. Seus ganhos cognitivos melhoram sua capacidade de tirar proveito da educação formal. A autoimagem se desenvolve, afetando sua autoestima. Os amigos assumem importância fundamental. A criança começa a compreender a constância de gênero.
A partir dos 7 anos: a criança começa a desenvolver o julgamento global de autovalor, integrando sua autopercepção, “fechando” algumas ideias sobre quem ela é e como deve ser etc. A influência dos pares (amigos, colegas da mesma idade) adquire grande importância nesta etapa da vida, enquanto a influência dos pais diminui.
A partir dos 10 anos: ocorrem mudanças relacionadas à puberdade e há um estirão de crescimento (primeiro nas meninas, em torno dos 11 anos, depois nos meninos, em torno dos 13 anos).
3.6. Recomendações para sono seguro e tranquilo
Noites mal dormidas ou em quantidade de horas insuficientes podem levar a problemas no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esses problemas vão desde a sonolência simples até o comprometimento do humor, da criatividade, da atenção, do raciocínio, da memória e do equilíbrio.
O sono é essencial para o crescimento e desenvolvimento adequados para a criança e o adolescente. Sugere-se orientar sobre o local que o RN está dormindo, sobre a posição para dormir, que deve ser de “barriga para cima”, retirada de objetos do berço ou travesseiro e sobre a duração adequada de tempo de sono, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é responsável por cerca de 37% das mortes súbitas e inesperadas ao ano, em bebês, nos Estados Unidos. A causa ainda é desconhecida, mas sugere-se a influência de três fatores simultâneos: um bebê vulnerável, uma fase crítica do desenvolvimento e um estressor externo. Estudo recente encontrou uma diminuição da enzima colinérgica Butirilcolinesterase em bebês vítimas da morte súbita, indicando um possível biomarcador de disfunção do sistema colinérgico (HARRINGTON; HAFID; WATERS, 2022).
Não tem receita mágica, mas uma rotina relaxante na hora de dormir facilita muito a vida (e o sono) das famílias.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sleep Foundation
3.7. Diagnósticos, Resultados Esperados e Intervenções de Enfermagem - CIPE
Após o levantamento de dados sobre a criança e sua família, o enfermeiro analisará o conjunto das informações objetivas e subjetivas, buscando a identificação de problemas existentes, vulnerabilidades e necessidades de cuidado.
No sentido de garantir o crescimento/ desenvolvimento saudáveis da criança, elencam-se alguns diagnósticos de enfermagem que potencializam o cuidado seguro e promovem o desenvolvimento da parentalidade na atenção primaria em saúde
Fonte: CIPE 2019
SOLICITAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES
Hemograma
Não há necessidade de diagnóstico laboratorial de rotina de anemia para todas as crianças, desde que ocorra a suplementação de ferro para a prevenção na idade indicada. Recomenda-se o rastreamento sistemático para anemia apenas para crianças de risco:
Fonte: Linhas de Cuidado Puericultura e Hebicultura na Unidade de Atenção Primária – MS 2023.
Perfil lipídico:
Pesquisar o perfil lipídico (colesterol, HDL, triglicerídeos e LDL) a partir dos 2 anos de idade, a cada 3 a 5 anos, em crianças com sobrepeso ou obesidade, ou que apresentem história familiar (parentes de primeiro grau) de doença cardiovascular precoce (antes de 55 anos para homens e 65 anos para mulheres) ou que possuam pais com níveis de colesterol total acima de 240 mg/dL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 4 - ALEITAMENTO MATERNO, ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL E SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA E SAIS DE FERRO
4.1 Aleitamento Materno
O aleitamento materno, exclusivo é recomendado até 6 meses de idade, e complementar até 2 anos ou mais. O leite materno é um alimento completo porque contêm vitaminas, minerais, gorduras, açúcares, proteínas, todos apropriados para o organismo do bebê; possui muitas substâncias nutritivas e de defesa, que não se encontram no leite de vaca e em nenhum outro leite.
O enfermeiro deve avaliar parâmetros relacionados a posição do bebê, pega, ritmo, esvaziamento das mamas, intervalo entre as mamadas e problemas relacionados às mamas; lembrando de compartilhar medidas no sentido de sanar possíveis complicações que podem prejudicar essa prática.
A amamentação deve ser abordada pelo enfermeiro no período pré-natal e puerperal, na unidade de saúde e no domicílio, com destaque para alguns temas:
a) Não existe leite fraco; o leite materno é rico em calorias e nutrientes, independentemente do tamanho da mama, o estado nutricional e condição social materna.
b) O leite humano é adequado, completo, equilibrado e suficiente para o bebê de qualquer mulher. Existem diferentes fases do leite: colostro, transição e maduro.
c) A apojadura (descida do leite) geralmente ocorre entre o 3º e 5º dia após o parto. É comum que as mamas fiquem cheias, pesadas e desconfortáveis. É importante prevenir o ingurgitamento mamário e traumas mamilares.
d) Existem diferentes posições para amamentar. A dor é um sinal que a pega está incorreta.
e) O uso de bicos e mamadeiras podem atrapalhar a amamentação e favorecer o desmame precoce. É importante que a gestante/puérpera aprenda formas de acalmar o bebê, identificar sinais precoces de fome, e métodos alternativos de oferecer o leite materno.
f) Mamilo plano ou invertido pode dificultar a amamentação, mas não a impedir. Não é recomendado o exercício no mamilo ou seringa, uso de bico de silicone e buchas. Diferentes posições para amamentar podem facilitar a sucção do bebê.
g) O tempo que o bebê fica no peito varia de criança para criança. O importante é que a mãe respeite o ritmo da criança, e dê tempo para que ela retire bastante leite de uma mama, até que ela fique macia antes de passar para a outra. Nem sempre a criança suga as duas mamas em uma mamada. A criança deve sugar até ficar satisfeita (pare de sugar, solte a mama ou adormeça). Na próxima mamada, a mãe pode iniciar pela mama que foi oferecida por último (caso tenha oferecido as duas), ou pela mama que não foi oferecida.
O LM cru pode ser estocado da seguinte maneira:
A – Como preparar o frasco para guardar o leite do peito
B – Como se preparar para retirar o leite do peito
C – Como fazer a retirada manual do leite do peito
• Massagear toda a mama, com as pontas dos dedos ou palma das mãos, de forma circular, começando pela parte escura da mama (a aréola) e subindo até a parte superior do seio
• Com os dedos em forma de “C”, colocar o polegar perto da aréola na parte de cima do peito e os outros dedos sustentando a mama pela parte de baixo.
• Firmar os dedos e empurrar a aréola para trás em direção ao corpo. Apertar suavemente um dedo contra o outro, sem deslizá-los na aréola, repetindo o movimento até o leite começar a sair. Não pressionar demais, pois pode bloquear os canais por onde passa o leite. No primeiro momento o leite pode não sair, mas depois de pressionar algumas vezes, começará a pingar. Curvar o corpo para frente, posicionando o peito sobre a barriga, pode facilitar a saída do leite e aumentar o fluxo.
• Desprezar os primeiros jatos ou gotas.
• Iniciar a coleta. Pressionar e soltar, pressionar e soltar.
• Mudar a posição dos dedos ao redor da aréola para esvaziar todas as áreas.
• Alternar a mama quando o fluxo de leite diminuir, repetindo a massagem e o ciclo várias vezes.
D – Como guardar o leite retirado do peito
• O frasco com o leite retirado deve ser guardado no congelador ou freezer por até 15 dias (caso for doar para um Banco de Leite Humano, transportar antes desse prazo) ou na prateleira mais próxima ao congelador da geladeira por até 12 horas. Se ultrapassar esses prazos de armazenamento, o leite deverá ser descartado.
• Tampar bem o frasco com leite, anotar a data da retirada com caneta em uma etiqueta ou esparadrapo e colar no frasco.
• Na próxima vez que for retirar o leite, usar outro recipiente de vidro (copo, xícara, caneca ou vidro de tampa larga) devidamente higienizado e fervido como feito com o frasco, e, ao terminar, acrescentar esse leite ao frasco que está no freezer ou congelador. O frasco deve ser completado até, no máximo, 2 dedos abaixo da tampa.
• Quando vários leites forem guardados no mesmo frasco, conta-se a validade a partir da data da primeira coleta.
E – Como oferecer o leite retirado à criança
• Uma criança só deve receber o leite retirado da própria mãe ou, caso seja prematura de baixo peso e estiver internada, deve receber o leite humano pasteurizado do Banco de Leite Humano.
• Se o leite estiver congelado, descongelar no próprio frasco em banho-maria com o fogo apagado até que se desmanche todo o gelo e ele fique completamente líquido. O leite humano não deve ser fervido nem aquecido no micro-ondas.
• Esterilizar o utensílio para o oferecimento do leite assim como realizado com o frasco antes da retirada.
• Agitar suavemente o frasco para misturar bem o leite.
• Abrir o frasco e colocar um pouco do leite que foi retirado do peito em copo ou xícara limpos.
• Acomodar a criança no colo, acordada e tranquila. Posicioná-la o mais sentada possível, com a cabeça firme e o pescoço alinhado ao corpo, não devendo ficar torcido.
• Encostar a borda do copo ou xícara no lábio inferior da criança e deixar o leite humano tocar o lábio. A criança fará movimentos de lambida, engolindo o leite. Se preferir, utilizar uma colher para oferecer o leite. Não entornar o leite na boca da criança para evitar engasgo.
Fonte: Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos (2021) Principais dificuldades na amamentação
Algumas práticas que podem ser prejudiciais à amamentação:
Substitutos do leite materno
Fórmulas infantis
Leite de vaca integral
Seu uso antes de a criança completar 12 meses não é recomendado, mas pode ser considerado em função do custo e prática de consumo na população brasileira, quando necessário. Deve ser diluído até os 4 meses de idade da criança por causa do excesso de proteína e eletrólitos, que fazem sobrecarga renal sobre o organismo do lactente. Após o bebê completar 4 meses de idade, o leite de vaca integral líquido não deverá ser diluído e nessa idade a criança que ingere leite de vaca receberá outros alimentos, principalmente água para uma hidratação adequada.
Diluição do leite em pó integral
• 1 colher rasa das de sobremesa para 100ml de água fervida
• 1½ colher rasa das de sobremesa para 150ml de água fervida
• 2 colheres rasas das de sobremesa para 200ml de água fervida.
Diluição do leite integral fluído/líquido
• 2/3 de leite fluído + 1/3 de água fervida
• 70ml de leite + 30ml de água = 100ml
• 100ml de leite + 50ml de água = 150ml
• 130ml de leite + 70ml de água = 200ml.
4.2. Alimentação complementar saudável
A PNAISC detalha em seu eixo estratégico II, ações e iniciativas para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável. A publicação do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos se apresenta como um instrumento de garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e traz as “informações necessárias para incentivar, apoiar, proteger e promover a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população menor de 2 anos de idade” (BRASIL, 2019, p. 13).
Fonte: Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, 2021 Introdução alimentar
Esquema alimentar para os dois primeiros anos de vida de crianças que recebem fórmula infantil
Recomendações para crianças menores de 2 anos
O guia alimentar (BRASIL, 2021) e a Caderneta de Saúde da Criança ressalta a necessidade de que os profissionais de saúde se atentem, em toda oportunidade de atendimento às crianças, para os “Doze passos da Alimentação Saudável para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”.
4.3. Doze Passos para Alimentação Saudável em Crianças menores de 2 anos
PASSO 1. Amamentar até os 2 anos ou mais, oferecendo somente LM até os 6 meses.
PASSO 2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do LM a partir dos 6 meses.
PASSO 3. Oferecer água própria para o consumo em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
PASSO 4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do LM.
PASSO 5. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcares à criança até 2 anos de idade.
PASSO 6. Não oferecer alimentos ultra processados.
PASSO 7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
PASSO 8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família.
PASSO 9. Prestar atenção aos sinais de fome e de saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição.
PASSO 10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família.
PASSO 11. Oferecer alimentação adequada e saudável também fora de casa.
PASSO 12. Proteger a criança da publicidade dos alimentos.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde: Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos - MS 2021
4.4. Dez Passos para uma Alimentação Saudável em Crianças de 2 a 9 anos
PASSO 1. Fazer dos alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.
PASSO 2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.
PASSO 3. Limitar o consumo de alimentos processados.
PASSO 4. Evitar o consumo de alimentos ultra processados.
PASSO 5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados, e, sempre que possível, com companhia.
PASSO 6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
PASSO 7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.
PASSO 8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.
PASSO 9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
PASSO 10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.
Fonte: BRASIL Ministério da Saúde. Caderneta da criança. Passaporte da cidadania. 7.ed. Brasília, DF: 2024. 4.5. Alterações nutricionais
4.5. Crianças com dificuldades ou recusa na introdução alimentar
Ao iniciar a introdução de novos alimentos, a criança pode se recusar a experimentá-lo. Essa recusa é muito comum, e o recomendado é orientar a família a ofertar, novamente, após alguns dias. Se a criança continuar a recusa, buscar novas alternativas de preparo. É muito importante manter o ambiente tranquilo, livre de distrações e não forçar a criança a comer. No Quadro abaixo são apresentadas recomendações gerais às famílias com dificuldades de aceitação alimentar (BRASIL, 2021).
Recomendações gerais às famílias de crianças pequenas, com dificuldades de adaptação ou recusa na introdução de outros alimentos
Alterações nutricionais
Baixo peso
Ganho de peso abaixo do esperado para estatura, segundo a idade e sexo. A identificação precoce permite determinar possíveis vulnerabilidades que influenciam o estado nutricional
Fonte: Protocolo de Enfermagem Atenção à Saúde da Criança e Adolescente SMS/SP (2017).
Orientações para baixo peso
Sobrepeso/obesidade
Fonte: Protocolo de Enfermagem Atenção à Saúde da Criança e Adolescente SMS/SP (2017).
Orientações sobrepeso e obesidade
4.6. Suplementação vitamínica e sais de ferro
Suplementação de ferro
Recomenda-se a suplementação de ferro para todas as crianças de 6 a 24 meses. Se a criança não estiver em aleitamento materno exclusivo, a suplementação poderá ser realizada a partir dos quatro meses de idade. Para crianças pré-termo (< 37 semanas) ou nascidas com baixo peso (< 2.500 g), a conduta de suplementação é diferenciada, conforme o Programa Nacional de Suplementação de Ferro: Manual de condutas gerais
Recomendação de suplementação medicamentosa profilática de ferro em lactentes SEM fator de risco.
Recomendação de suplementação medicamentosa profilática de ferro em lactentes COM fator de risco.
Suplementação de vitamina A
Destinado a prevenir e/ou controlar essa deficiência nutricional mediante a suplementação com megadoses de vitamina A.
4.7. Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem em Baixo Peso, Sobrepeso e Obesidade - CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 5 - ATENÇÃO INTEGRAL A CRIANÇAS COM AGRAVOS
5.1. Alterações de pele
Características das principais lesões de pele
Durante os primeiros meses de vida, os cuidados com a pele são fundamentais, tendo-se como finalidade manter a integridade da barreira cutânea e garantir seu desenvolvimento saudável. (SBP 2024)
A pele do bebê, criança e adolescente passa por diversas modificações em relação a textura, coloração e umidade. Além de suas funções fisiológicas, a pele exerce um papel social importante, influenciando a autoestima e a qualidade de vida. Diante da frequente associação de problemas de pele com questões emocionais e sociais, o enfermeiro desempenha um papel fundamental. Para tanto, é necessário um conhecimento aprofundado das diversas manifestações cutâneas e de suas possíveis causas, bem como a capacidade de estabelecer um diagnóstico preciso e indicar o tratamento adequado.
A construção de um vínculo de confiança com a criança/adolescente e suas famílias e a promoção de ações educativas são essenciais para um cuidado integral e humanizado
A melhor maneira de evitar doenças de pele é a prevenção, conhecendo as suas principais características e de que forma acometem as crianças.
Observar presença de palidez associada à avaliação da função cardiovascular, temperatura e sangramento.
É normal que o RN apresente palidez em um lado do corpo e eritema do lado oposto, aspecto caracterizado como sinal de Arlequim.
Avaliação, diagnósticos e intervenções de enfermagem para os principais achados clínicos nas alterações de pele
Faça as perguntas direcionadas pela queixa, considerando alguns aspectos de sintomas associados (dor, prurido, entre outros), alterações (cor, tamanho, forma), tempo de surgimento e piora das lesões; avaliar sinais de infecção ou inflamação; uso de medicações; apresentação de manifestação sistêmica ou local; e avaliação de condições sanitárias do domicílio e território
Exame físico relacionado as alterações de pele
Inspeção: Observar a área acometida quanto à localização, coloração, aspecto, com olhar direcionado à queixa, estendendo para possíveis áreas não localizadas pelo usuário.
Palpação: Checar a existência de lesões sólidas, alterações de volume, espessura, umidade ou consistência da pele; observar elasticidade, turgor e mobilidade correlacionando com a idade; avaliação de sensibilidade térmica, dolorosa, e tátil, se necessário utilizando instrumental específico; palpar linfonodos em áreas correlacionadas; avaliar as condições da pele e a perfusão.
Avaliar o grau de edema periférico por meio da escala de 1+ a 4+ (leve a grave).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adaptado de BRASIL (2002); UNA-SUS (S.d), BARROS (2009); BVS APS (sofs-2190) e (sofs-2347); CHANDLER & FULLER (2019), BECKER (2022), DUNCAN (2014)
https://www.perspectivas.med.br/2021/11/manchas-mongolicas-podem-mimetizar-lesoes-corporais-relato-de-caso/#:~:text=As%20manchas%20mong%C3%B3licas%20s%C3%A3o%20condi%C3%A7%C3%B5es,nos%20primeiros%20anos%20de%20vida. https://dermnetnz.org/topics/molluscum-contagiosum
https://www.coren-pe.gov.br/wp-content/uploads/2024/08/PROTOCOLO-DE-ATENCAO-BASICA-2020_2o-EDICAO-FINAL.pdf
https://dermnetnz.org/topics/cutaneous-larva-migrans
Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul. Protocolo saúde da criança [Internet]. Mato Grosso do Sul: Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul; 2022 [citado em 27 dez 2024]. Disponível em: https://www.corenms.gov.br/wp-content/uploads/2022/01/COREN_MS_PROTOCOLO_Saude-do-Criança.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Brasília, v. 9, n. 174, 2002. Série A - Normas de Manuais Técnicos. Dermatologia na Atenção Básica de Saúde
http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/06_08_2018_22.40.49.d753b8b01501870a92a4b236f73d9b3a.pdf
5.2. Alterações gastrointestinais
Diarreia - CIAP D11
Doença caracterizada pela perda de água e eletrólitos, que resulta no aumento do volume e da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes, apresentado algumas vezes muco e sangue (disenteria).
Considera-se diarreia quando há ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas em um período de 24 horas, representando uma alteração no hábito intestinal. A maioria dos episódios de diarreia é provocada por um agente infeccioso e dura menos de duas semanas. Caso a diarreia dure mais de 14 dias, é considerada diarreia persistente. Alguns comportamentos podem colocar as pessoas em risco e facilitar a contaminação como:
Avaliação de enfermagem
Para avaliar e classificar a diarreia quanto ao estado de hidratação, seguir o fluxograma, atentando-se para achados no exame físico
Terapia de Reposição Oral (TRO) na Unidade de Saúde
Terapia de Reposição Oral no Serviço de Saúde/UBS realizado no intervalo de 4 horas.
Tratamento da diarreia no domicílio
Quando a criança apresenta diarreia sem desidratação ou com melhora do quadro, orienta-se o tratamento no domicílio, a partir das orientações:
Cólica do recém-nascido - CIAP - D01 Dor abdominal generalizada/cólicas
As causas da cólica no bebê ainda não são completamente elucidadas. Envolve diversos fatores, como por exemplo, fatores ambientais, aspecto biopsicossocial da família, colonização do intestino, entre outros.
Constipação intestinal CIAP - D12 Obstipação; D01 Dor abdominal generalizada/cólicas
A definição de constipação intestinal funcional para crianças menores de quatro anos deve incluir dois ou mais dos seguintes critérios, presentes por pelo menos um mês:
Para crianças de quatro anos à adolescência deve-se incluir dois ou mais dos critérios seguintes, presentes ao menos uma vez por semana, por pelo menos um mês:
Parasitose intestinal – CIAP: D96 Lombrigas /outros parasitas; D01 Dor abdominal
Constitui importante problema de saúde pública e são causadas por um grupo de parasitas intestinais compreendendo Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Necator americanus e Ancylostoma duodenale, transmitidos por contaminação fecal do solo. A transmissão está ligada a condições de vida, como hábitos alimentares, moradia, comportamentos culturais e educacionais, sendo mais prevalentes em populações de baixo nível socioeconômico. As boas condições sanitárias (educação da comunidade; controle e vigilância dos alimentos, lixo e esgoto; oferta de água tratada) e de moradia, assim como a boa saúde da população contribuem para a profilaxia geral.
Prescrição Medicamentosa pelo enfermeiro(a)
5.3. Alterações respiratórias
Síndromes gripais e Rinossinusite
Os quadros de tosse e/ou dificuldade respiratória são comuns à infância e estão no grupo das queixas mais comuns na APS. Por isso, é fundamental que o enfermeiro da Atenção Primária a Saúde APS compreenda o quadro clínico, sabendo correlacionar com história clínica e sazonalidade, afastando sinais de gravidade e hipótese diagnóstica para COVID-19 e Influenza a depender da sazonalidade da doença ou aparecimento de relevância epidemiológica.
A Síndrome Gripal, sendo uma das queixas mais comuns, acometem as vias aéreas superiores, especialmente nos períodos de inverno. Segundo a secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a Síndrome Gripal é de quadro respiratório agudo.
Crianças menores de 5 anos, são grupo de risco para pior evolução de Influenza. Tendo maior hospitalização em menores de 2 anos, especialmente em menores de 6 meses, os quais apresentam maior taxa de mortalidade.
Critérios de caracterização da síndrome gripal
As Rinosinusites são classificadas em aguda (<12 semanas) e crônicas (> 12 semanas), os principais sintomas são: congestão e obstrução nasal, secreção purulenta nasal e em rinofaringe, tosse diurna e/ou noturna, dor e pressão facial, cefaleia, irritação na garganta, halitose e febre (DUNCAN, 2014). Compartilhar cuidados com o médico.
O tratamento, em geral, é para aliviar os sintomas. Analgésicos e antitérmicos, como o paracetamol e a dipirona, são úteis para baixar a febre e aliviar outros sintomas, as orientações não farmacológicas são essenciais para proporcionar conforto para a pessoa, durante o quadro agudo.
Avaliação, diagnóstico e intervenção de enfermagem
Realizar escuta inicial com informações fornecidas pela família
Exame físico
Inspeção
Avaliar anormalidades na ausculta pulmonar:
Alterações respiratórias (CIAP - R03 Respiração ruidosa; R04 Outros problemas respiratórios; R05 Tosse; R07 Espirro/congestão nasal; R08 Outros sinais/sintomas nasais)
Caderno de Atenção Básica 33, Ministério da Saúde.
Fonte: Protocolo de Enfermagem Atenção à Saúde da Criança e Adolescente SMS/SP (2017).
Diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem frente às alterações respiratórias.
Dor de garganta
Em casos de acometimento da garganta são importantes as intervenções de enfermagem para garantir o conforto da criança e/ou adolescente.
É fundamental que o enfermeiro da APS tenha um raciocínio clínico apurado para compreender sinais/sintomas, avaliar a gravidade e intervir quando necessário. A maioria das faringites é causada por vírus (em mais 70% casos), geralmente com presença de febre baixa ou ausência de febre, tosse, rouquidão, congestão nasal, rinorreia. Os quadros bacterianos geralmente se apresentam com odinofagia mais intensa, febre alta (> 38,5 °C), gânglios linfáticos maiores do que 1 cm, edema e exsudato tonsilar e faríngeo, petéquia palatal. Dentre os principais agentes bacterianos envolvidos nas faringites agudas, destaca-se o S. pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield), que tem formas mais invasivas com repercussão sistêmica e risco de desenvolver febre reumática, principalmente em pessoas de 5 a 15 anos. Diante da possibilidade de infecção bacteriana, compartilhar o cuidado com o médico.
Escore clínico para auxiliar o manejo de dor de garganta (escore Centor)
Queixa, Avaliação, Diagnósticos, intervenções e prescrições de enfermagem frente a dor de garganta.
5.4. Febre (CIAP2 - A03 Febre)
A febre é um sintoma inespecífico, ou seja, pode estar presente em uma variedade de condições. Fatores como infecções, inflamações, doenças autoimunes, cânceres e até mesmo medicamentos podem elevar a temperatura corporal. O manejo adequado da febre exige a investigação da causa subjacente e o tratamento da condição primária.
Avaliação
Exame Físico:
Fonte: Protocolo de Enfermagem Atenção à Saúde da Criança e Adolescente SMS/SP (2017).
Diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem frente à Febre – CIPE
Prescrição medicamentosa
5.5. Dor de ouvido sem febre e em bom estado geral (CIAP - H01 Dor de ouvidos; H04 Secreção ouvido; H13 Sensação ouvido tapado)
A otalgia é o sintoma mais comum e o melhor preditor de Otite Média Aguda. Outros sintomas frequentes são: manipulação excessiva da orelha em lactentes, irritabilidade, choro excessivo e diminuição do apetite, assim como vômito e diarreia. Febre está presente em cerca de um quarto dos casos.
O enfermeiro poderá realizar otoscopia (ORIENTAÇÃO FUNDAMENTADA Nº 086/2014), desde que tenha segurança e se encontre apto para tal procedimento.
FLUXOGRAMA
Prescrição medicamentosa
Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na Dor de ouvido sem febre - CIPE
5.6. Anemia por deficiência de ferro (CIAP – B80)
Condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal, como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais. A hemoglobina é o pigmento dos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função de transportar o oxigênio dos pulmões para os tecidos. O valor normal para crianças de seis meses a seis anos é de 11 g/dl.
Recomenda-se realizar a investigação laboratorial da deficiência de ferro, com ou sem anemia, quando a criança completar um ano de idade. Entretanto, mediante suspeita baseada na presença de fatores de risco (baixa reserva materna, aumento da demanda metabólica, diminuição do fornecimento de ferro, perda sanguínea e má absorção do ferro), a investigação deve ser realizada de forma precoce, principalmente se não houver profilaxia adequada com ferro.
Além de confirmação do quadro pelo exame laboratorial (hemograma), diante da suspeita, avaliar coloração da pele e investigar tipo de aleitamento, aceitação das refeições e antecedentes da criança (prematuridade, baixo peso ao nascer e morbidade neonatal).
PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA
Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na Anemia - CIPE
5.7. Doença Falciforme
Doença Falciforme (DF) é uma enfermidade genética e hereditária, causada por uma mutação no gene que ´produz a hemoglobina A, originando a S., pode causar anemia crônica, episódios de dor severa, decorrentes do processo de vasoclusão, causada pela forma de foice que a doença assumi. A DF de maior signicado clínico é a anemia falciforme(AF) determinada pela presença de HBS em homozigosee o diagnóstico precoce é obtido na primeira semana de vida por meio do exame de eletroforese de hemoglobina, com metodologia especifica, realizado pelos Programas Estaduais de Triagem Neonatal (PETN).
Traço falciforme (TF) - condição onde ocorre a presença de somente um gene para a hemoglobina S, combinado com outro gene para hemoglobina A, configura um padrão genético AS (heterozigose), que não produz manifestação da doença falciforme.
Fluxograma de encaminhamento na doença falciforme
Os profissionais da saúde devem estar atentos ao fluxo de encaminhamento para doença falciforme. Cabe a eles a verificação da inserção dos pacientes na rede e o monitoramento da adesão ao tratamento na rede especializada.
5.8. Dores recorrentes em membros (CIAP - L14 Sinais/sintomas da coxa/perna; L15 Sinais/sintomas do joelho)
As queixas de dores em membros são comuns em crianças e, na maioria das vezes, são benignas, não interferindo no crescimento e desenvolvimento. Ocorrem em cerca de 10 a 20% das crianças em idade escolar, mais comuns no sexo feminino (65%), de evolução crônica e de curso autolimitado. A etiopatogenia das dores de crescimento permanece desconhecida, porém, deve-se levar em consideração que fatores emocionais (dificuldade escolar, pesadelos, alterações da dinâmica familiar, solidão, etc.), tendem a ser mais frequentes nesse grupo de crianças.
A história detalhada, obtida com a cooperação da família e da criança, é tipicamente bilateral em 80% dos casos e apresentam as seguintes características: (mais frequentes entre os seis e treze anos de idade).
Características:
5.9. Olho vermelho
O olho vermelho, caracterizado pela vermelhidão da parte branca do olho devido à dilatação dos vasos sanguíneos, é um sinal comum de conjuntivite. A maioria dos casos de conjuntivite é viral e costuma ocorrer em surtos. O tratamento geralmente envolve cuidados básicos e acompanhamento para avaliar a gravidade e identificar possíveis infecções bacterianas, que requerem tratamento específico.
Avaliação
Exame físico
Purulenta – amarelada
Mucopurulenta – branco cremosa
Serosa – aquosa amarelada
Mucosa – filamentar e transparente
Prescrições
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 6 - ATENÇÃO À SAÚDE DE CRIANÇAS COM DOENÇA CRÔNICA, DEFICIÊNCIA OU EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS E DE VULNERABILIDADE
6.1. Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
DEFINIÇÃO
Segundo Ministério da Saúde (2021), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, prejuízo na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Os sintomas ocorrem nos primeiros três anos de vida (APA, 2013).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), relata que o TEA pode ou não estar associado às Síndromes Genéticas, Doenças Raras e fatores ambientais, alguns fatores como: idade parental avançada na concepção, uso de substâncias durante a gestação, prematuridade (abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), infecção materna durante a gravidez, gestação múltipla.
CLASSIFICAÇÃO
A consulta de enfermagem na Unidade Básica de Saúde é extremamente importante no atendimento da criança com suspeita TEA, visto que este profissional faz o primeiro contato. A escuta qualificada dos familiares que começam a perceber algumas alterações no desenvolvimento da criança poderá auxiliar na identificação precoce dos sinais e sintomas do transtorno.
CONSULTA DE ENFERMAGEM
Avaliação
Um exame clínico completo deve ser realizado na consulta para avaliação de diagnóstico diferencial e presença de comorbidades. Utilize a Caderneta da Criança (Menino e Menina) para os registros.
Avalie a forma da cabeça, meça o perímetro cefálico e registre o seu valor no Gráfico de Perímetro Cefálico. Verifique se existem alterações fenotípicas.
Certifique-se de que o ambiente para a avaliação seja o mais tranquilo possível e que a criança esteja em boas condições emocionais e de saúde para o exame. Observe a interação do cuidador com a criança (vínculo), utilize alguns brinquedos e objetos que desencadeiam respostas reflexas.
A avaliação objetiva de habilidades motoras, de comunicação, de interação social e cognitiva deve ser realizada de acordo com os marcos propostos na Caderneta da Criança: Menino e Caderneta da Criança: Menina.
Características Clínicas de Crianças com Risco para TEA
Linha de cuidado do TEA: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/LINHA_DE_CUIDADO_TEA_FINAL.pdf
Se a criança apresentar alguma característica clínica positiva a escala M-CHAT-R (Modified Checklist for Autism in Toddlers-Revised) pode ser utilizada para avaliação complementar.
Recomenda-se que toda a criança seja submetida a uma triagem para o TEA na consulta de 18 meses, através da aplicação da escala M-CHAT-R, mesmo naquelas que não estão sob suspeita diagnóstica de TEA ou outros transtornos que cursem com desvios e atrasos do desenvolvimento. O teste pode ser repetido em intervalos regulares de tempo ou quando houver dúvida. Em casos suspeitos, a aplicação da M-CHAT-R deve ser antecipada para uma consulta com 16 meses de idade. Sugere-se que o agendamento seja realizado no momento da vacinação da criança com 15 meses de idade.
Escala M-CHAT-R (Modified Checklist for Autism in Toddlers-Revised)
A escala M-CHAT-R auxilia na identificação de pacientes com idade entre 16 e 30 meses com possível TEA. É de rápida aplicação, pode ser aplicado por qualquer profissional da saúde, devendo ser respondido pelos pais ou cuidadores durante a consulta.
A avaliação pela M-CHAT-R é obrigatória para crianças em consultas pediátricas de acompanhamento realizadas pelo Sistema Único de Saúde, segundo a Lei nº 13.438, de 26 de abril de 2017.
A escala indica uma suspeita de TEA e não é diagnóstica.
Para todos os itens, a resposta “NÃO” indica risco de TEA; exceto para os itens 2, 5 e 12, nos quais “SIM” indica risco de TEA.
Resultado positivo maior ou igual a 3 pontos: o enfermeiro deve compartilhar o cuidado com o médico para encaminhar a criança para consulta com especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência ou em Neurologia Pediátrica a fim de realizar a avaliação de seguimento, com a aplicação do M-CHAT-R/F.
Resultados falso-negativos são possíveis. Se o resultado da triagem não for positivo, recomenda-se acompanhamento e monitoramento do desenvolvimento neuropsicomotor do paciente e reavaliação.
Checklist Modificado para Autismo em Crianças Pequenas: versão revisada e consulta de seguimento (M-CHAT-R/F) ™OBSERVAÇÃO
A observação deve ocorrer durante a consulta de enfermagem, avaliando as funções cognitivas, motoras, comunicação, habilidades sociais e as interações dos pais com a criança. Observe:
Pense em diagnósticos diferenciais, pois a criança pode apresentar:
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM
Os retornos devem ser programados de acordo com a necessidade clínica ou com o Plano Terapêutico Singular. Em cada retorno, deve-se analisar a evolução clínica, retomar cuidados pactuados e reforçar para a pessoa e família os avanços e aspectos de melhoria, e avaliar necessidade de adequação das intervenções.
6.2. Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
DEFINIÇÃO
Segundo Ministério da Saúde (2022), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é considerado uma condição do neurodesenvolvimento, caracterizada por uma tríade de sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade em um nível exacerbado e disfuncional para a idade, em que os sintomas se iniciam na infância, podendo persistir ao longo de toda a vida.
Os sintomas e o comprometimento do TDAH são frequentemente mais graves durante a infância, mas podem evoluir ao longo da vida. As dificuldades associadas ao TDAH muitas vezes se tornam mais evidentes quando as responsabilidades e a independência do indivíduo aumentam, como no contexto escolar ou quando ele precisa se organizar para realizar tarefas sem a supervisão dos pais.
Embora o TDAH tenha se tornado uma condição amplamente reconhecida nos últimos anos, o diagnóstico não é simples. Seus principais sintomas podem ser confundidos com características normais do desenvolvimento ou com outras condições clínicas. Assim, torna-se necessária a utilização de critérios operacionais que são estabelecidos a partir da realização da avaliação clínica por profissionais capacitados e experientes. Por isso, a identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.
CARACTERÍSTICAS E COMPORTAMENTOS FREQUENTES
Além da desatenção excessiva, a hiperatividade e a impulsividade percebidas em diferentes contextos, geralmente por pelo menos seis meses nas fases iniciais do desenvolvimento, e presentes antes dos seis anos de idade (DSM-5), existem outros comportamentos e sinais que podem ser indicativos do quadro na criança e adolescente:
CONSULTA DE ENFERMAGEM
Avaliação
Dentro do contexto da Atenção Primária, aspectos do crescimento e desenvolvimento representam momentos fundamentais para a identificação precoce dos sinais e sintomas do TDAH. Assim, a atuação envolve a identificação de comportamentos indicativos da condição. Durante a avaliação, o profissional deve considerar, principalmente, a tríade de sintomas característica do quadro de TDAH envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade. O compartilhamento do cuidado com a e-mult é fundamental para uma assistência de qualidade e mais resolutiva.
Existem vários questionários que utilizam critérios usados para rastreio, avaliação da gravidade e frequência de sintomas e acompanhamento de tratamento. Dentre estes, destaca-se o SNAP-IV.
O questionário denominado Swanson, Nolan and Pelham (SNAP) foi resultante da quarta versão do DSM, de domínio público e com tradução brasileira validada (Matos et al., 2006). Desenvolvido para avaliação de sintomas do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade em crianças e adolescentes, o instrumento pode ser preenchido por pais ou professores como ponto de partida para levantamento de alguns dos possíveis sintomas primários de TDAH, sendo uma ferramenta potencializadora da atenção intersetorial. (ANEXO 6)
O instrumento é composto pela descrição de 18 sintomas do TDAH, entre sintomas de desatenção (9 primeiros itens) e hiperatividade/impulsividade (itens 10 a 18), pontuados conforme quatro níveis de qualificadores. Além disso, os itens 19 a 26 do questionário também são úteis ao diagnóstico do Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), porém com equivalência conceitual a ser valorada (Matos et al., 2006).
Contudo, reforça-se que o diagnóstico correto e preciso do TDAH só pode ser feito através de uma longa anamnese com um profissional médico especializado, já que muitos dos sintomas relacionados no questionário podem também estar associados a outras comorbidades correlatas ao TDAH, ou a outras condições clínicas e psicológicas.
PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
No quadro abaixo estão colocadas propostas de intervenções de enfermagem a partir de diagnósticos de enfermagem frequentemente encontrados em pessoas que vivem com TDAH. As intervenções não se reduzem a essas, sendo importante o planejamento de cuidado compartilhado com e-Multi, serviços da rede de atenção à saúde (e.g. CAPS IJ) e intersetorial (e.g. CRAS, escola).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[Internet]. Disponível em: https://evirtual.upra.ao/examples/biblioteca/content/files/classificaçao%20das%20intervençoes%20de%20enfermagem%20(nic).pdf.
https://www.scielo.br/j/rprs/a/fJsx7JhDNbjswLKPZ7Td69J/?lang=pt.
Capítulo 7 - ATENÇÃO À CRIANÇA COM SÍFILIS CONGÊNITA E CRIANÇA EXPOSTA À SÍFILIS
A sífilis congênita (SC) é um agravo de notificação compulsória evitável, resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum da gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, geralmente por via transplacentária, independentemente da idade gestacional. Após a sua passagem transplacentária, o T. pallidum alcança os vasos umbilicais e multiplica-se rapidamente em todo o organismo fetal. Os locais em que as lesões são mais frequentes são fígado, pele, mucosas, esqueleto, sistema nervoso, pâncreas e pulmão.
A taxa de transmissão vertical da sífilis em mulheres não tratadas varia de 70% a 100% nas fases primária, secundária e latente recente da infecção materna, enquanto nas fases mais avançadas da doença, essa taxa é de aproximadamente 30%. A transmissão fetal pelo canal de parto, via T. pallidum, é rara e ocorre apenas quando a mãe apresenta lesões genitais ativas. O leite materno não transmite a sífilis, exceto em casos raros, quando há lesões ativas na pele das mamas. Dentre os desfechos adversos decorrentes da sífilis materna não tratada, 40% resultam em perdas gestacionais precoces, 11% em morte fetal a termo e 12 a 13% em partos prematuros ou com baixo peso ao nascer.
Portanto, a sífilis congênita é uma doença passível de prevenção, e sua eliminação pode ser alcançada por meio da implementação de estratégias eficazes de diagnóstico precoce e tratamento da sífilis em gestantes e seus parceiros sexuais. Além disso, o risco de desfechos adversos para a criança será mínimo quando a gestante receber o tratamento adequado e precoce durante a gestação.
Definição de Caso de Sífilis Congênita
São considerados critérios para definição e notificação de caso de sífilis congênita quando uma das situações abaixo é verificada na avaliação do RN, lactente ou criança com menos de 13 anos de idade:
Manifestação Clínica e Classificação da Sífilis Congênita
A maioria dos recém-nascidos (RN) com sífilis congênita não apresenta sintomas ao nascer, variando de 50% a 70%, e, quando os sintomas aparecem, geralmente ocorrem nos primeiros três meses de vida. A sífilis também está associada à prematuridade e ao baixo peso ao nascer. Do ponto de vista clínico, a sífilis congênita pode ser classificada de duas formas: precoce e tardia. A sífilis congênita precoce (SCP) é caracterizada por manifestações clínicas que surgem logo após o nascimento ou, no máximo, durante os primeiros dois anos de vida. Já a sífilis congênita tardia (SCT) apresenta sintomas após o segundo ano de vida, sendo importante excluir a possibilidade de sífilis adquirida, que poderia ocorrer devido a agressões ou abuso sexual da criança.
Avaliação de Enfermagem
Entrevista e Exame físico
Principais Diagnósticos CIPE, Resultados esperados e Intervenções
Orientações
Solicitação de exames
Plano de Cuidados:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 8 - ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS EXPOSTAS OUTRAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
8.1. Tuberculose e Infecção Latente da Tuberculose (ILTB)
Diante da persistência da tuberculose como um relevante problema de saúde pública no Brasil, e entendendo que os profissionais de enfermagem se configuram peças fundamentais na implementação de estratégias de promoção da saúde e ações de prevenção e controle da doença, especialmente no contexto da atenção primária à saúde.
A tuberculose é uma doença socialmente determinada que acomete todos os ciclos de vida. A atuação da equipe de enfermagem na interrupção da cadeia de transmissão do agravo é de suma importância, desde a busca ativa de casos novos no território, investigação de contatos, tratamento de TB e ILTB e monitoramento dos casos.
Crianças menores de 5 anos tem maior risco de desenvolver as formas graves da doença, como TB meníngea e TB disseminada, por isso, é de suma importância a vacinação, que se inicia com a vacina BCG, ao nascer, embora não impeça o adoecimento ao longo da vida.
Avaliação: Anamnese relacionada ao cuidado ou identificação do paciente sintomático respiratório
Diagnóstico da tuberculose pulmonar em crianças e adolescentes com baciloscopia negativa ou TRM-TB não detectado.
Interpretação do Quadro:
- 40 pontos (diagnóstico muito provável): recomenda-se iniciar o tratamento da TB.
- 30 a 35 pontos (diagnóstico possível): indicativo de TB, orientar-se iniciar o tratamento a critério médico.
- < 25 pontos (diagnóstico POUCO provável): deve-se prosseguir com investigação na criança. Deverá ser feito diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares e podem ser empregados métodos complementares de diagnóstico, como baciloscopias e cultura de escarro induzido ou de lavado gástrico, broncoscopia, histopatológico de punções e outros exames de métodos rápidos.
Todos os exames preconizados nos protocolos institucionais podem ser solicitados pelos enfermeiros para o rastreamento e tratamento da doença, com compartilhamento de cuidados com o médico.
A PT deve ser utilizada para rastreamento de contato com a microbactéria, independentemente 2,4 do tempo de vacinação pela BCG. Em resultados maiores ou iguais a 5mm, a PT deve ser considerada positiva e naqueles menores que 5 mm deve ser considerada negativa. No resultado negativa da PT, deve-se repetir o exame em 8 semanas para avaliação de conversão da PT (incremento de pelo menos 10 mm no resultado anterior).
Em crianças maiores de 2 anos e menores de 10 anos pode-se realizar o IGRA no lugar da PT. A presença de IGRA positivo indica infecção por micobactéria (não significa doença!)
O exame de escarro é difícil de ser realizado em crianças devido à dificuldade de expectorarem e da característica de serem paucibacilares. Alternativas para a obtenção de material para análise são: aspirado nasofaríngeo, lavado gástrico, fezes, lavado bronco-alveolar e escarro induzido.
O resultado do teste molecular rápido (TRM-TB) com resultado de detecção de traços deve ser considerado positivo em crianças menores de 10 anos e deve ser iniciado o tratamento para TB.
Para o tratamento de ILTB, deve ser descartada doença ativa na criança.
Algoritmo para o diagnóstico de ILTB em crianças menores de 10 anos
Fonte: Nota informativa 02/2024 - Tuberculose pulmonar em crianças menores de 10 anos
Tratamento
O tratamento da TB na criança (menor de 10 anos) é feito com 3 drogas (Rifampicina/ Isoniazida/ Pirazinamida) na fase intensiva e 2 drogas (Rifampicina/Isoniazida) na fase de manutenção.
Atualmente, o Município de São Paulo possui o tratamento em forma de comprimidos dispersíveis com diluição em água. Esses comprimidos têm um sabor mais agradável ao paladar 7 água das crianças, facilitando a administração. O Etambutol não é indicado para tratamento em crianças menores de 10 anos devido à possibilidade de ocorrência da neurite óptica como efeito colateral e seu difícil
diagnóstico em crianças.
8.2 Criança exposta ao HIV
A Política de Atenção Integral à Saúde da Criança - PNASC 1 inclui entre seus eixos, vigilância e prevenção da mortalidade infantil e atenção à saúde do recém-nascido. As recomendações do Ministério da Saúde (MS) contidas neste Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes buscam contribuir para a sobrevivência, qualidade de vida das crianças vivendo com HIV (CVHA), assim como, para o cumprimento dos compromissos do país diante das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030 (ODS) das Nações Unidas.
Apesar de menos frequente, o risco de transmissão vertical ainda existe, inclusive pelo aleitamento materno, por mulheres previamente diagnosticadas ou que se infectaram pelo HIV durante o período de aleitamento. Ressalta-se que o aleitamento materno por mulheres vivendo com HIV está contraindicado, mesmo quando elas estiverem estáveis, em uso regular de TARV e com carga viral de HIV (CV-HIV) indetectável. (PCDT MS 2023).
A suspeita da infecção pelo HIV deve partir do vínculo epidemiológico (exposição ao HIV na gestação, parto ou aleitamento materno) ou ser sempre considerada em crianças de todas as faixas etárias que apresentem as manifestações descritas abaixo, independente do diagnóstico materno.
Principais sinais, sintomas e alterações laboratoriais da infecção pelo HIV em crianças e adolescentes
Fonte: Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo hiv em crianças e adolescentes - módulo 1 - diagnóstico, manejo e acompanhamento de crianças expostas ao hiv - 2024
Em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, o diagnóstico da infecção pelo HIV não deve ser realizado pela detecção de anticorpos anti-HIV3. Para o diagnóstico em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, são disponibilizados, nos serviços especializados, os exames de carga viral do HIV e de DNA pró-viral do HIV. O cuidado deve ser compartilhado com o SAE para diagnóstico e acompanhamento.
Hemograma completo
O evento adverso hematológico mais comum é a anemia relacionada ao uso de zidovudina, geralmente com resolução espontânea entre três e seis meses após a suspensão do medicamento. As alterações hematológicas podem ser mais intensas quando há exposição a esquemas mais complexos e com duração mais longa. O uso de zidovudina também pode acometer outras séries hematológicas, como neutrófilos, linfócitos e plaquetas. A neutropenia e a linfopenia, quando ocorrem, tendem a ser mais prolongadas que a anemia.
8.3 Criança com toxoplasmose congênita suspeita ou confirmada
A toxoplasmose é uma doença infecto parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que incide globalmente e apresenta alta prevalência no território brasileiro (MS 2022). As mães dessas crianças geralmente não apresentam manifestações clínicas sugestivas da infecção durante a gestação e a maioria das crianças infectadas, cerca de 90%, não apresenta sintomas ao nascimento. Como o diagnóstico clínico do binômio mãe/filho é difícil e o tratamento precoce da criança com toxoplasmose congênita (pré-natal e/ou pós-natal) está associado a menor número e gravidade das sequelas, faz-se necessário utilizar o rastreamento da gestante e da criança suspeitas.
Exames para acompanhamento da toxoplasmose congênita suspeita ou confirmada
8.4 Criança exposta ao vírus da hepatite B (mãe com sorologia HbsAg reagente no pré-natal ou hepatite B crônica)
A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) é muito comum e representa um grave problema de saúde pública, no Brasil e no mundo, devido à sua elevada morbidade e mortalidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou em 257 milhões (3,5% da população global) o número de pessoas vivendo com infecção crônica pelo HBV e em 900 mil o número de mortes causadas por esse vírus em 2015. A prevenção da transmissão vertical do HBV é realizada de forma estratégica para evitar que pessoas com infecção pelo HBV trasmitam o vírus para seus filhos durante o parto ou gestação. As três estratégias farmacológicas são:
Independentemente do uso de profilaxia ou de tratamento antiviral durante a gestação e/ou o puerpério, devem-se monitorar elevações dos níveis de ALT em todas as mulheres com HBsAg reagente. Recomenda-se realizar dosagem mensal de ALT nos primeiros três meses e aos seis meses após o parto e, posteriormente, manter o monitoramento de rotina de acordo com cada situação clínica.
Os lactentes expostos ao HBV devem ser testados para HBsAg e anti-HBs um a dois meses (até seis meses) após a última dose da vacina e a partir dos 9 meses de idade, caso tenham recebido IGHAHB no pós-parto imediato. Quando a IGHAHB não tiver sido utilizada, avaliar HBsAg e anti-HBs um a dois meses após a última dose do esquema vacinal.
Exames para o monitoramento da exposição ao vírus da Hepatite B
Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais, 2022
No caso de HBsAg reagente:
8.5 Criança exposta ao vírus da hepatite C (mãe portadora de hepatite C)
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
Capítulo 9 - ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE BUCAL NA INFÂNCIA
O cuidado com a saúde bucal da gestante e bebê inicia-se com o compartilhamento de cuidados com a Equipe de Saúde Bucal (ESB), para inicio do Pré Natal Odontológico (PNO). A ESB composta pelo CD, Auxiliar de Saúde Bucal (ASB) e Técnico de Saúde Bucal (TSB) deverão realizar orientações sobre o auto cuidado referente a higiene oral, ingestão de alimentos açucarados que poderão influenciar no futuro paladar do bebê, orientações sobre o aleitamento materno o qual irá auxiliar no desenvolvimento orofacial da criança e os cuidados com o seu bebê ao nascer, como com a higiene oral através de gaze embebida em água filtrada.
A primeira consulta odontológica do bebê deve ser feita entre o nascimento do primeiro dente (geralmente a partir dos 6 meses) e os 12 meses de idade.
Para bebês em fase de erupção dos dentes incisivos recomenda-se uso de escova de dente massageadora ou escova de dente infantil, com a pasta fluoretada, duas vezes ao dia. Já para crianças em fase de erupção de molares recomenda-se, além da escovação, o uso do fio dental.
Nos casos de crianças que já conseguem escovar os próprios dentes, os pais deverão complementar esta higienização até que a criança tenha habilidade bem desenvolvida.
A higiene oral deve ser realizada com pasta fluoretada (1100 ppm de flúor) a partir da presença do primeiro dente decíduo, friccionando cuidadosamente os dentes (Guia de Recomendações para o uso de fluoretos no Brasil – MS, link file:///C:/Users/d568087/Downloads/Guia%20de%20recomenda%C3%A7%C3%B5es%20para%20o%20uso%20de%20fluoretos%20no%20Brasil.pdf)
Para crianças que ainda não sabem cuspir, recomenda-se quantidade de pasta dental equivalente a um grão de arroz, em torno de 0,1g, e para crianças que já sabem cuspir, quantidade equivalente a um grão de ervilha (0,3g) sempre sob supervisão e monitoramento de adulto evitando ingestão involuntária pela criança em idade pré escolar.
De modo geral, deve-se evitar mamadas na madrugada, principalmente com mamadeiras açucaradas e em crianças maiores de um ano, pois a oferta inoportuna de alimentos desencadeia risco de aspiração, obesidade e “cárie de mamadeira”, de difícil tratamento e controle.
9.1. Monilíase Oral (CIAP - S75 Monilíase oral)
Conhecida como “sapinho” a Candidíase ou a Monilíase Oral é infecção fúngica na mucosa oral causada pelo fungo Cândida albicans, caracterizada por manchas brancas na superfície da mucosa labial e bucal, língua e palato mole. As lesões desenvolvem e formam placas confluentes que se assemelham a “coalhada de leite” que podem ser facilmente removidas com uma espátula ou uma gaze revelando uma base eritematosa por baixo ou lesões avermelhadas como aftas.
É uma infecção oportunista pois depende do sistema de defesa da criança, que por vezes pode não estar suficientemente forte ou desenvolvido para combater estes microorganismos fúngicos.
A infecção pode ocorrer pelo bico do seio da mãe ou algum objeto que a criança levou à boca e estes estarem infectados, assim, a higienização é fundamental.
Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na monilíase oral – CIPE
9.2. Estomatite (CIAP - D20 Sinais/sintomas da boca/língua/lábios; S01 Dor/sensibilidade dolorosa da pele)
9.3. Cárie dentária (CIAP - D19 Sinais/sintomas dos dentes/gengivas)
Doença bacteriana causada pela interação de três fatores básicos: hospedeiro (dentes), microflora (bactérias – placa bacteriana) e substrato (restos alimentares). O resultado dessa interação é a cárie dentária.
Fatores de risco: Uso noturno de mamadeira adoçada (com açúcar, achocolatados ou mel), consumo excessivo de carboidratos, ausência de higiene oral e do creme dental com flúor.
Diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na Cárie Dentária – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 10 - IMUNIZAÇÃO NA INFÂNCIA
A vacinação é considerada uma das estratégias mais eficientes para redução da morbidade e mortalidade das doenças imunopreveníveis.
No Brasil, o Ministério da Saúde mantém o Programa Nacional de Imunizações – PNI, criado em 1973 e regulamentado em 1975, para prevenção de importantes doenças transmissíveis como tuberculose, hepatite B, difteria, coqueluche, tétano, poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, infecções pelo Haemophilus influenzae tipo b, rotavírus, meningococo, pneumococo, vírus do papiloma humano (HPV), vírus influenza sazonal, varicela, hepatite A, febre amarela e covid-19.
Para a criança, procedimentos que incluem uso de agulhas, como as vacinas e a coleta de sangue, além de serem considerados dolorosos, são assustadores e podem desencadear manifestações como medo, desespero e resistência. Neste contexto indicamos algumas ações para tornar a experiência mais positiva, entre elas:
Ações para tornar a experiência da criança com a vacinação mais positiva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 11 - ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADOLESCENTE
Segundo o Ministério da Saúde, que segue a convenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência compreende o período entre os 10 e 19 anos 11 meses e 29 dias; delimitando a juventude como o período de 15 a 24 anos.
Para fins legais da infância e da adolescência, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera criança a pessoa de até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Enquanto o começo da adolescência é verificado, principalmente, pelo início da puberdade, a delimitação do final da adolescência se mistura com o começo da juventude.
A adolescência compreende o período de transição, o qual é marcado por repletas e intensas mudanças físicas, emocionais, cognitivas e sociais. Um dos princípios norteadores das ações voltadas à saúde dos adolescentes e jovens, na comunidade, é que eles precisam ser entendidos como sujeitos e protagonistas de sua individualidade.
Atendimento ao Adolescente
O atendimento ao adolescente abrange ações Interdisciplinares, Intersetoriais e Interinstitucionais, voltadas para a prevenção e promoção da saúde, para o atendimento local e para o encaminhamento de situações e problemas específicos.
Deve-se sempre levar em conta, dentre outras variáveis, o processo de crescimento e desenvolvimento próprios da adolescência, e a vulnerabilidade do adolescente a inúmeros agravos físicos, psíquicos e sociais.
Um dos grandes desafios que as equipes de atenção primária possuem é vincular o adolescente a unidade de saúde e, por isso, é de grande importância saber cativar estes adolescentes, e desenvolver estratégias complementares (como: parcerias com escolas, espaços frequentados por eles, assim como teleatendimento, expansão de horários, e entre outros) visando promover uma melhor qualidade de saúde e garantir o direito à saúde como um direito humano fundamental.
É importante ressaltar que a Atenção Primária é porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços, segundo a Política Nacional de Atenção Primária (PNAB). Portanto, adolescentes que realizam acompanhamento na Atenção Especializada, devem ser acompanhados, em conjunto, com sua equipe de ESF.
Um dos princípios norteadores das ações voltadas à saúde dos adolescentes e jovens na comunidade é que eles precisam ser entendidos como sujeitos e protagonistas de sua individualidade. Nesse sentido, destacam-se como objetivos no cuidado integral de adolescentes e jovens: Promover Atenção Integral à Saúde Adolescentes e Jovens; Reduzir a morbimortalidade desse segmento populacional; evitar situações de violação de direitos humanos, prevenir violências e promover atenção psicossocial de adolescentes e jovens
São pressupostos para o atendimento de adolescentes no âmbito da Atenção Primária à Saúde:
- Adolescentes devem ser prioridade nas políticas públicas, visto que a qualidade do seu desenvolvimento deve ser considerada condição fortalecedora para que alcancem pleno potencial enquanto adultos;
- Os hábitos e comportamentos dos adolescentes podem determinar o nível de exposição a riscos durante essa fase e interferir também em sua saúde na vida adulta, o que reforça a importância do acompanhamento profissional de modo longitudinal;
- A condição de prioridade dos adolescentes, aplicada ao contexto dos serviços de saúde, implica na garantia de acesso e atenção integral a esse público, inclusive observando para que as características desse ciclo de vida não repercutam em desassistência;
- No Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde (APS) é a esfera do cuidado que lida diretamente com as condições para o desenvolvimento dos adolescentes. Isso acontece devido aos atributos de sua atuação;
Garantir o acesso de pessoas jovens à APS é uma responsabilidade compartilhada entre gestores e profissionais, enquanto integrantes do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), para promoção do crescimento e desenvolvimento saudável de adolescentes;
Embora os adolescentes não sejam legalmente responsáveis como adultos, essas pessoas têm o direito de buscar serviços de saúde e merecem proteção especial devido à sua fase de desenvolvimento.
11.1. Consulta de Enfermagem do Adolescente
A consulta de Enfermagem deve ser organizada e registrada conforme as cinco etapas do Processo de Enfermagem. (COFEN. Resolução nº 736, de 17 de janeiro de 2024. Dispõe sobre a implementação do Processo de Enfermagem em todo contexto socioambiental onde ocorre o cuidado de enfermagem. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jan. 2024. Seção 1, p. 78.)
Considere que em algumas situações o adolescente não tem conhecimento do motivo de estar na consulta ou vai à consulta contra a própria vontade, pois foi levado por algum familiar, sem ter participado desta decisão. Nestes casos, os adolescentes podem reagir sem querer se comunicar ou incitando conflitos, o que requer habilidade do enfermeiro no manejo de cada situação.
Segundo o Parecer Coren São Paulo 003/2018, o adolescente entre 12 e 18 anos pode ser atendido sozinho. Situações em que deve ser avaliado se o adolescente pode ser atendido sozinho: déficit intelectual do usuário, que o incapacite responder; distúrbios psiquiátricos graves ou mesmo o próprio desejo do adolescente em não ficar sozinho com o profissional.
Quadro de Orientações aos profissionais para o atendimento do adolescente
Situações sobre quebra e manutenção de sigilo no atendimento ao adolescente.
Etapas da Consulta de Enfermagem com o Adolescente e Família
Avaliação de Enfermagem
Coleta de dados subjetivos: Anamnese
De maneira geral, nesta etapa é importante abordar como o adolescente está se sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas quais está passando, ao seu relacionamento com a família e com seus pares, a forma como utiliza as horas de lazer, as suas vivências anteriores no serviço de saúde, as expectativas quanto ao atendimento atual, a seus planos para o futuro e se conhece a os serviços de saúde, lazer, cultura, educação, entre outros, disponíveis na região.
Durante o atendimento o profissional de saúde pode utilizar ferramentas para desenvolver e aprimorar o vínculo com o adolescente e/ou família: Chamar o adolescente pelo nome; Valorizar as preocupações do adolescente e/ou da família, esclarecendo as suas dúvidas; Fornecer informações de fácil compreensão, considerando as especificidades culturais; Aprimorar o uso de momentos próprios para ações educativas; Personalizar a orientação preventiva (utilizando perguntas abertas e sugestões com foco nas condições reais do adolescente e/ou família) Atentar-se à quantidade de informações fornecida e utilizar linguagem adequada;
Tópicos a serem abordados na coleta de dados subjetivos
Avaliação dos fatores de Risco e de Proteção na adolescência.
Exame físico
Devem ser avaliados ou examinados:
11.2. Crescimento e Desenvolvimento Puberal
É na puberdade que se inicia o aparecimento das características sexuais secundários: desenvolvimento dos pelos pubianos em ambos os sexos, broto mamário no sexo feminino e aumento dos testículos no masculino.
A puberdade termina com o completo desenvolvimento físico, parada do crescimento, que se constata pela soldadura das cartilagens de conjugação dos ossos longos e aquisição da capacidade reprodutiva, em vista do amadurecimento das gônadas.
Crescimento Pondero-EstaturalOs adolescentes durante a puberdade ganham cerca de 20% de sua estatura final e 50% de seu peso adulto. Dá-se o nome de estirão puberal ao rápido crescimento em estatura, característico desta fase.
Recomenda-se a avaliação antropométrica (peso, altura e avaliação nutricional) anualmente até o final da adolescência e com maior frequência se for detectado algum problema (baixa estatura, baixo peso, sobrepeso e obesidade).
Maturação Sexual Sexo FemininoA primeira manifestação é o surgimento do broto mamário, em média aos 9 anos, que pode ser doloroso e unilateral, demorando até 6 meses para o crescimento do contralateral. No mesmo ano há o aparecimento dos pelos pubianos.
Aproximadamente aos 10 anos de idade começam a aparecer os pelos axilares acompanhados pelo desenvolvimento das glândulas sudoríparas, o que pode proporcionar o odor característico do adulto.
A primeira menstruação, denominada menarca, pode vir prescindida de uma secreção vaginal clara, acontece cerca de um ano após o máximo de velocidade de crescimento, coincidindo com a fase de sua desaceleração, após a menarca a adolescente pode crescer em média 7 cm.
A idade média para a menarca gira em torno de 12 anos aproximadamente. Os primeiros ciclos menstruais geralmente são anovulatórios e irregulares, por até 3 anos pós menarca.
A ocorrência da menarca não significa que a adolescente tenha atingido o estágio de função reprodutora completa, pois os ciclos iniciais podem ser anovulatórios. Por outro lado, é possível acontecer também a gravidez antes da menarca, com um primeiro ciclo ovulatório.
Fonte da imagem: Sociedade Brasileira de Pediatria. Link de acesso: https://www.sbp.com.br/departamentos/endocrinologia/desenvolvimento-puberal-de-tanner/
Sexo MasculinoA primeira manifestação de maturação sexual é o aumento do volume testicular, por volta dos 10 anos. O crescimento peniano ocorre geralmente um ano após o crescimento dos testículos, sendo que primeiro o pênis cresce em comprimento e depois em diâmetro.
Os pelos pubianos aparecem em torno dos 11 anos, em seguida são os pelos axilares, faciais e os do restante do corpo.
A primeira ejaculação denominada espermarca, ocorre em média aos 12 anos, e a mudança da voz acontece mais tarde.
No adolescente masculino é comum identificar entre os 13 e 14 anos, a ginecomastia púbere (aumento do tecido mamário), frequentemente bilateral, com consistência firme e móvel e, as vezes pode ser bem doloroso. Regride espontaneamente em até 2 anos. Quando não involui em 24 meses, deverá ser avaliada pelo médico da equipe/unidade para possível encaminhamento.
A polução noturna é a ejaculação noturna involuntária, ou seja, saída de sêmen durante o sono, decorrente de um estímulo cerebral para sonhos eróticos que levam ao orgasmo. É um evento fisiológico normal, mas às vezes pode causar constrangimentos e dúvidas aos adolescentes, que devem ser orientados e tranquilizados pelo enfermeiro ou outro profissional da equipe.
Fonte da imagem: Sociedade Brasileira de Pediatria. Link de acesso: https://www.sbp.com.br/departamentos/endocrinologia/desenvolvimento-puberal-de-tanner/
Puberdade tardia
- Ausência de qualquer característica sexual secundária em meninas após os 13 anos de idade, e em meninos após 14 anos.
- Ademais, em ambos os sexos, a mudança de um estágio puberal para outro não pode levar mais que 2 anos, nem ocorrer um atraso superior há quatro anos entre o início da puberdade e a sua conclusão.
Puberdade precoce
- Aparecimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos nas meninas, e antes dos 9 anos nos meninos.
Quanto ao acompanhamento do crescimento e desenvolvimento puberal:
11.3. Atendimento do Adolescente via Demanda Espontânea
Segundo o Parecer Coren São Paulo 003/2018, o adolescente entre 12 e 18 anos não precisa de acompanhantes para passar em atendimento em qualquer instituição de saúde, quando adolescente mostrar maturidade para se responsabilizar por seu tratamento, seus pais serão convidados a comparecer, somente, se ele estiver de acordo ou em situações em que seja necessária a quebra de sigilo, vide Quadro A.
É fundamental dispor de um tempo adequado para cada atendimento, principalmente para a realização de uma abordagem integral e de orientações preventivas. Alguns retornos podem ser necessários para estabelecer um vínculo de confiança e esclarecer situações mais complexas.
Ao receber um adolescente por demanda espontânea estabeleça uma escuta ativa e acolha-o de modo a compreender o motivo da procura de atendimento na UBS. Avalie a situação e considere a classificação abaixo para estabelecer a conduta.
Fonte da Imagem: Atenção Básica - Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Unidade Básica de Saúde – Reorganização do Processo de Trabalho – Acolhimento à demanda espontânea. 1ª Edição Outubro de 2015.
11.4 Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem relacionados à consulta do adolescente – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 12 - PREVENÇÃO DE SOBREPESO E OBESIDADE
Nos últimos anos têm-se observado o aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial e diabetes dentre crianças e adolescentes, constituindo-se como um problema prioritário de saúde pública como foco na prevenção e detecção precoce dentro da APS. Importante considerar que os hábitos alimentares, estilo de vida, práticas esportivas, sedentarismo, são fortemente influenciados por questões familiares, sociais, culturais e socioeconômicos.
O aumento vertiginoso da obesidade infantil nos últimos anos está associado a uma nutrição inadequada nos primeiros anos de vida, derivada do consumo de alimentos não saudáveis e da interrupção precoce da amamentação.
O elevado consumo de alimentos ultraprocessados, consumo de bebidas açucaradas e outros alimentos não saudáveis (como fast food e doces) está associado a um maior escore z para o Índice de Massa Corporal (IMC) para idade, maior percentual de gordura corporal e maior chance de sobrepeso e obesidade.
Consequências da obesidade
12.1. Consulta de Enfermagem direcionada para casos de Sobrepeso/ Obesidade
É necessário estabelecer objetivos e intervenções individualizadas, baseadas na idade, grau de obesidade, fatores comportamentais, psicológicos, sociais e na presença de comorbidades.
O objetivo principal do atendimento é fornecer recomendações para mudanças na dieta e atividade física, que podem ser implementadas dentro do ambiente familiar e que promovam a saúde, crescimento e desenvolvimento adequados.
O envolvimento da família é fundamental para auxiliar a mudança no comportamento alimentar dos adolescentes, sendo assim é necessário capacitar os pais a fim de facilitar a mudança de comportamento dos adolescentes para uma alimentação saudável e um estilo de vida mais ativo.
Durante a avaliação subjetiva, o enfermeiro deve investigar:
Durante a avaliação objetiva, o enfermeiro deve avaliar:
12.2. Estratégias Comportamentais para tratamento da Obesidade na Infância e Adolescência
ORIENTAÇÃO ALIMENTAR DA PESSOA NA ADOLESCÊNCIA
RECOMENDAÇÃO 1: ESTIMULE O CONSUMO DIÁRIO DE FEIJÃO
ORIENTAÇÃO: Estimule o consumo diário de feijão ou outras leguminosas, preferencialmente no almoço e no jantar.
RECOMENDAÇÃO 2: ORIENTE QUE SE EVITE O CONSUMO DE BEBIDAS ADOÇADAS
ORIENTAÇÃO: Oriente que se evite o consumo de bebidas adoçadas (também chamadas de bebidas ultraprocessadas)
RECOMENDAÇÃO 3: ORIENTE QUE SE EVITE O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS
ORIENTAÇÃO: Oriente que hambúrguer e/ou embutidos (linguiças, salsicha, presunto, mortadela, salames), macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos/bolachas salgados ou recheados, doces ou guloseimas são alimentos ultraprocessados e devem ser evitados.
RECOMENDAÇÃO 4: ORIENTE O CONSUMO DIÁRIO DE LEGUMES E VERDURAS
ORIENTAÇÃO: Estimule o consumo diário de legumes e verduras no almoço e no jantar, combinando com arroz, feijão e variações de preparação.
RECOMENDAÇÃO 5: ORIENTE O CONSUMO DIÁRIO DE LEGUMES E VERDURAS
ORIENTAÇÃO: Estimule o consumo diário de legumes e verduras no almoço e no jantar, combinando com arroz, feijão e variações de preparação.
RECOMENDAÇÃO 6: ESTIMULE QUE SE ALIMENTE COM ATENÇÃO E EM AMBIENTES APROPRIADOS
ORIENTAÇÃO: Estimule que a pessoa na adolescência, sempre que possível, se alimente em um ambiente tranquilo, silencioso, sem distrações, como telas, evitando pular ou substituir refeições. Oriente também que faça as refeições sempre que possível em companhia da família ou de amigos
RECOMENDAÇÃO 7: ESTIMULE QUE REALIZE O CAFÉ DA MANHÃ
ORIENTAÇÃO: Estimule que a pessoa na adolescência realize o café da manhã antes de iniciar as atividades do dia.
Nos casos em que a pessoa na adolescência demonstra seguir dietas da moda e crenças em mitos sobre alimentação, procure ouvir e acolher essas falas, e, na medida do possível desmistificar essas crenças seguindo as orientações do Protocolo de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar da pessoa na adolescência (brasil, 2022). Em casos de preocupação/insatisfação com imagem corporal e comportamentos de risco ligados a transtornos alimentares, o acolhimento e o encaminhamento para um atendimento multiprofissional são essenciais.
Para pessoas na adolescência que apresentem dificuldade de acesso financeiro para aquisição de alimentos e estejam em insegurança alimentar e nutricional, procure auxílio com profissionais do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) ou em outros pontos de apoio no território que possam fornecer cestas ou alimentos mais baratos. Busque informações sobre programas e equipamentos sociais no território que desenvolvam ações para apoio nesses casos.
12.3. Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 13 - IMUNIZAÇÃO DO ADOLESCENTE
Caso a vacinação esteja incompleta, com esquema básico de vacinação interrompido, não é necessário reiniciar o esquema e sim completá-lo.
Nos casos em que não há informação disponível sobre vacinação anterior, ou se o registro da informação for muito duvidoso, recomenda-se considerar como não vacinado e verificar o esquema de acordo com a preconização vacinal vigente.
Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação
13.1. Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na imunização do Adolescente
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 14 - SAÚDE BUCAL DO ADOLESCENTE
As principais afecções que devem ser observadas pelos Enfermeiros nos adolescentes são: cáries, aftas, gengivites e halitose.
A modificação hormonal e comportamental na adolescência, associada à higiene bucal menos eficaz, podem aumentar o risco de cáries e doenças gengivais dentre os adolescentes.
Na fase da adolescência, é muito comum ocorrerem mudanças nos hábitos alimentares, havendo maior preferência por lanches rápidos, salgadinhos, chicletes e refrigerantes, muitas vezes consumidos exageradamente, chegando mesmo a substituir as refeições, fato que geralmente está associado a uma diminuição da disciplina dos hábitos da escovação conquistados na infância. Dessa forma, podem passar a fazer parte da rotina do adolescente alguns problemas antes não tão comuns, como a cárie dental e as doenças gengivais. Juntamente com esses dois, os traumatismos e os problemas com o dente de siso constituem os principais transtornos relacionados à saúde oral que afetam os indivíduos nessa fase.
14.1. Cárie
A cárie dentária é uma das doenças crônicas mais prevalentes, afetando a maioria das crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo. É induzida por fatores biológicos e ambientais.
Na consulta de enfermagem avaliar integridade da mucosa, gengiva e dentes compartilhando o cuidado com a equipe de saúde bucal para avaliação e acompanhamentos necessários.
14.2. Aftas
Caracterizam-se por lesões ulcerosas agudas, localizadas na mucosa bucal, podendo ocorrer em grupos ou isoladas. Podem ser úlceras pequenas, menores de 1 cm de diâmetro, que persistem por 10 a 14 dias e se curam sem cicatrizes.
14.3. Gengivite
É a inflamação da gengiva causada principalmente, pelo acúmulo de placa bacteriana, restos alimentares e toxinas.
Clinicamente a gengiva fica inchada, coloração avermelhada, aspecto brilhante e sangramento ao toque, durante a escovação ou o uso do fio dental.
A gengivite, quando não tratada, pode evoluir para a doença periodontal, que compromete os tecidos de sustentação dos dentes, como o osso e os ligamentos periodontais, podendo levar à perda dos dentes.
14.4. Halitose
O mau hálito não é uma doença, mas um sinal de alerta de que existe alguma condição anormal a ser localizada e corrigida. O difícil convívio com o mau hálito pode levar o adolescente a tentar contornar de forma errada o problema (chupar balas e mascar chicletes) e não ter resultado positivo.
É importante salientar que a halitose é uma severa restrição social, podendo levar o adolescente a passar por constrangimentos profissionais e afetivos.
As causas podem estar relacionadas às seguintes condições: Má higiene dos dentes, língua e gengiva, da prótese e dos aparelhos ortodônticos. Outras causas: Gastrite, Sinusopatia, Caseum em amigdalas.
14.5. Piercing
O hábito de usar piercing na boca, comum para alguns adolescentes, pode causar complicações como infecção, inchaço da língua, sangramento incontrolável e dificuldade em mastigar, falar ou engolir. Também existe o risco de engasgo com pinos e argolas (com riscos sérios à saúde quando aspirados, causando obstrução respiratória) e de danos aos dentes e gengiva durante traumatismos ou acidentes.
É importante uma conversa aberta, sem pré conceitos orientando sobre os possíveis os riscos. Compartilhar o cuidado com a equipe de saúde bucal.
14.6. Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 15 - GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Na perspectiva dos direitos humanos, a gravidez na adolescência pode ser considerada, hoje, como um ponto de inflexão decorrente de uma multiplicidade de experiências de vida. Esse fato chama a atenção para a complexa realidade da juventude brasileira, em particular de adolescentes, porque articula, sensivelmente, aspectos ligados ao exercício da sexualidade e da vida reprodutiva às condições de vida e às múltiplas relações de desigualdade que constituem a vida social, o que contribui para uma visão moral e reguladora que coloca os adolescentes e jovens como vítimas da própria ignorância ou inconsequência (Ministério da Saúde, 2018).
Nesse contexto, os adolescentes e jovens ainda necessitam de olhar inclusivo. A Antes mesmo de abordarem a paternidade e maternidade, dever-se-ia promover espaços de discussão sobre como os adolescentes e jovens encaram a sexualidade e o fato de serem reprodutivos ou não. (Ministério da Saúde, 2018). Ressalta-se a importância de ações de educação em saúde que ajudem a desconstruir tabus e mitos e desenvolvam seu papel mais proativo e corresponsável (Ministério da Saúde, 2018).
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, em 2020, o total de nascimentos de mães adolescentes foi de 380.778, representando 14% do total de nascidos vivos. O estudo Saúde Brasil do Ministério da Saúde (2018), indica uma das maiores taxas de mortalidade infantil entre filhos de mães mais jovens (até 19 anos), correspondendo a 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da taxa nacional, de 13,4 óbitos). Isso porque além da imaturidade biológica, condições socioeconômicas desfavoráveis influenciam nestes resultados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 16 – GÊNERO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA
16.1. Abordagem sobre sexualidade e gênero
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define sexualidade como “um aspecto central do bem-estar humano, que envolve sexo, identidade de gênero, papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é expressa e experienciada em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e/ou relacionamentos”.
Portanto, ela é inerente à vida de todos os seres humanos, se inicia no nascimento e se encerra na morte, é ampla, dinâmica e mutável. A sexualidade pode englobar diferentes ângulos da ciência e recebe influência sociocultural, abrangendo emoções, sentimentos, crenças e concepções de todos os processos de socialização. Influencia a maneira de indivíduos serem, se inserirem na sociedade e se posicionarem no mundo. Portanto, uma abordagem integral em saúde inclui conhecer o gênero de uma pessoa e os demais aspectos que ela relaciona à sua sexualidade.
Fonte: Amorim APA (2022). Arte: Paulo Eduardo A. Amorim
16.2. Abordagem ao adolescente TRANS
O desenvolvimento da identidade de gênero é parte do crescimento global de crianças e adolescentes, e as UBS e os Serviços de Referência têm a responsabilidade de acolher e acompanhar as demandas de crianças e familiares com variabilidade de gênero ou trans, de forma multiprofissional e intersetorial, considerando as diferenças na abordagem conforme a idade.
O acompanhamento multiprofissional é essencial, especialmente na fase pré-puberal, sem necessidade de intervenções médicas, com foco na orientação e preparação das famílias. O objetivo é garantir um ambiente seguro e acolhedor para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente.
É importante que se tenha sensibilidade para entender que diferentes vivências LGBTIA+ são possíveis para adolescentes, e não se busque definir que adolescentes com determinada vivência ou experiência sejam LGBTIA+.
Garantir espaço para autodescobertas, auxílio na compreensão de autolimites são fundamentais, especialmente quando pensamos em experiências LGBTQIA+ minoritárias, como a de adolescentes assexuais ou de gênero não-binário, que podem buscar prender-se em ideias pré-concebidas sobre essas determinadas vivências para que possam ter sua experiência validada.
Garantir que adolescentes se sintam pertencentes a grupos e coletividades. Colaborar para que, especialmente adolescentes LGBTIA+, percebam-se pessoas integrais e completas.
CONSULTA VOLTADA AO ADOLESCENTE TRANS:
* Unidades de referência REDE SampaTRANS - https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Rede_SAMPA_Trans_16_6_2023.pdf
** Unidades de referência para acompanhamento de adolescentes juntos com APS - https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Diretrizes_acompanhamento_adolescentes_trans_agosto_2024.pdf
Aproveitar a oportunidade para ofertar cuidados gerais de saúde:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 17 - INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTs) NA ADOLESCÊNCIA
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são um grupo de doenças transmitidas principalmente por contato sexual desprotegido. ISTs são prevalentes entre adolescentes e aumentam o risco de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
De acordo com a SBP (2018), as ISTs mais frequentes na adolescência podem ser agrupadas em quatro grandes grupos:
17.1 Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem na prevenção de ISTs em Adolescentes – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 18 – SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
De acordo com a OMS, a saúde mental caracteriza-se por um estado de bem-estar, vivido pelo indivíduo que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade. Tratando-se dos fatores agravantes na condição de saúde mental deve-se considerar questões biopsicossociais que impactam na saúde mental do indivíduo. O documento “Atenção psicossocial a criança e ao adolescente no SUS: Tecendo Redes para Garantir Direitos” ressalta que os riscos acarretados pelo contexto social e desigualdades resultantes de processos históricos de exclusão e discriminação (pobreza, falta de acesso à educação e baixa escolaridade, exploração do trabalho, exposição a diversas formas de violência) influenciam no gozo dos direitos e oportunidades a que adolescentes e jovens brasileiros têm acesso. (Brasília, 2014)
Avaliação de Enfermagem
Entrevista/Anamnese
No encontro clínico, garantir a privacidade e o sigilo do usuário durante o atendimento de queixas de saúde mental. Na anamnese deve-se:
Exame psíquico: atenção, sensopercepção, memória, orientação, consciência, pensamento, linguagem, inteligência, afeto e conduta/crítica.
Em consultas com usuários acima de 14 anos e desacompanhados, compartilhar com usuário a necessidade de quebra de sigilo em casos de: risco de morte, presença de qualquer tipo de violência, sinais de dependência química e outros descritos em quadro no Capítulo 11.
Exame físico
Avaliar a presença de hematomas, cutting e cicatrizes condizentes a situações de mutilação e automutilação**
Sinais de alerta de maus-tratos a crianças: características clínicas
Intervenções de Enfermagem
As intervenções devem considerar a individualidade e o contexto do usuário, e devem ser pensadas junto com ele. Considerar rede de apoio na construção do plano de cuidado. Algumas ferramentas que podem ser utilizadas nas consultas:
Elaborar plano terapêutico em conjunto com equipe multiprofissional, matriciamento do caso e avaliação de critérios para compartilhamento com RAPS.
Em casos de violência, é necessário realizar a notificação do caso e acionar rede de proteção à criança em casos de violência, conforme descrito em capítulo 22.
Para o manejo de queixas de saúde mental, é possível utilizar técnicas de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). O profissional deve apresentar certificado validado pela supervisão técnica do município.
Para a periodicidade de consultas do adolescente, recomendado consultas semestrais, mas em caso de situações de risco, realizar consultas mensais e/ou com encontros clínicos a depender do critério do enfermeiro, a depender do risco, encaminhar para consulta médica (São Paulo, 2016)
Considera-se como situações de risco:
18.1. Ansiedade
Em todo o mundo, estima-se que 10% a 20% dos adolescentes vivenciem problemas de saúde mental, mas permanecem diagnosticados e tratados de forma inadequada, pois sinais e sintomas podem ser confundidos com mudanças esperadas de comportamento relacionados a essa fase da vida (OPAS,s.d) (considere o quadro: Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem nos Transtornos Alimentares no Adolescente.).
Dentre esses, os adolescentes podem desenvolver transtornos emocionais (ansiedade e depressão) associados a sintomas psicossomáticos tal como epigastralgia, cefaleia ou náusea (OPAS,s.d). Transtornos emocionais, como a ansiedade (definida como um sentimento desagradável que está associado a uma sensação de antecipação a um perigo, iminente ou futuro) podem ser profundamente incapacitantes para o funcionamento de um adolescente, afetando o trabalho e a frequência escolares. A retirada ou a separação de familiares, colegas ou comunidade podem exacerbar o isolamento e a solidão. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. (OPAS, s.d)
Em encontro clínico, para realizar investigação dos transtornos emocionais (sofrimento prolongado e incapacitante, com tristeza, medo, ansiedade ou irritabilidade), considere perguntar se a criança ou o adolescente:
A criança/adolescente apresenta dificuldade considerável de funcionamento diário nas áreas pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou em outras áreas? Se sim, considerar transtorno emocional.
Para rastreio do transtorno de ansiedade generalizada em adolescentes, pode-se utilizar a escala General Anxiety Disorder 7 (GAD-7). Utilizar escala para apoio a decisão clínica para plano terapêutico e para matriciamento de caso: Equipe Multiprofissional e CAPS IJ.
Tabela S - General Anxiety Disorder 7 (GAD-7).
De acordo com GAD-7:
18.2. Depressão em crianças
A depressão em crianças é caracterizada por humor triste ou irritável, anedonia, menor capacidade de se divertir, baixa autoestima, perturbação do sono, retração social ou relações sociais prejudicadas e desempenho escolar deficitário (BMJ, 17 Dez 2024; última atualização 22 fev. 2024).
Crianças com depressão apresentam risco elevado de desmotivação escolar, transtornos relacionados ao abuso de substâncias, tentativas de suicídio e suicídio consumado. Apesar de não existir consenso sobre os critérios para o rastreamento de depressão em crianças, sugere-se avaliação na presença de fatores de risco para depressão.
Fatores de risco para depressão para crianças e adolescentes (BMJ Publishing Group 2025. Depressão em crianças. BMJ Best Practic, 17 Dez 2024; última atualização 22 fev. 2024).
Rastreamento
Assim como para crianças, não há consenso sobre a indicação e periodicidade do rastreamento para depressão adolescentes, mas a United States Preventive Services Task Force (USPSTF) recomenda rastreamento anual para depressão na APS para todas as crianças e adolescentes a partir dos 12 anos, mesmo sem fatores de risco específicos. Não há evidências sobre a periodicidade ótima para o rastreamento, mas pode-se considerar o rastreamento oportunístico dessa população, devido inconstante nos serviços de saúde, e a repetição na presença de fatores de risco.
O instrumento “Questionário sobre a saúde do paciente de nove itens” (9-item Patient Health Questionnaire; PHQ-9) pode ser utilizado para o rastreamento de depressão em adolescentes (USPSTF, 2022).
* Os scores representam risco para a depressão e seu uso não determina o diagnóstico, o qual só poderá ser fechado após avaliação com profissional de saúde mental.
Assim como para crianças, é importante avaliar o risco de suicídio em todos os atendimentos de adolescentes com depressão, além de rastrear o de uso de substâncias, devido relação entre transtornos por uso de substâncias e transtornos depressivos.
Transtorno Depressivo Maior (TDM) é caracterizado por humor cronicamente triste ou irritável, ao longo de pelo menos 1 ano, com 2 ou mais sintomas depressivos adicionais. Identifica-se a presença de pelo menos cinco sintomas depressivos, com 3 níveis de gravidade: leve, moderado e grave.
Sintomas:
É necessário excluir ausência de evidências de episódio maníaco ou hipomaníaco e de história de luto recente.
No acompanhamento, é importante avaliar o risco de suicídio em todos os atendimentos, e realizar o rastreio de uso de substâncias, devido relação entre transtornos por uso de substâncias e transtornos depressivos.
18.3. Risco de suicídio e autolesão
O Brasil enfrenta um crescimento alarmante no número de suicídios que se consolidam como um grave problema de saúde pública. Em 2021 foram levantados números que configuram uma morte a cada 34 minutos, equivalente a 15,5 mil suicídios. Esses números tornam o suicídio como a 27ª causa de morte e 3ª maior entre jovens brasileiros. (Ministério da Saúde, 2024)
A autolesão sem intenção suicida (ASIS) e o suicídio são fenômenos multifacetados e influenciados por uma interação intrínseca de fatores biológicos, ambientais, psicológicos e sociais. Ambos fazem parte do grupo de violência autoprovocada, porém se distinguem na intencionalidade do ato. O suicídio há a tentativa de morte e na automutilação p alívio da angústia, sem intenção de morrer. Entender, ambos os fenômenos, vai além de compreender suas definições devendo-se valorizar os sentimentos e história do usuário, escutá-lo com atenção, reconhecer que o estigma aos comportamentos mencionadas existe e promover a transmissão de conscientização das pessoas, promover a valorização da vida, favorecer a procura por tratamento e prevenir situações e comportamentos de risco. Além disso, articulações no território para ações educativas de promoção de saúde mental, bem como matriciamento de casos com e-Multi e articulação com centros de atenção psicossociais (CAPS IJ) são indispensáveis para o planejamento do cuidado (Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio/15 a 18 anos, 2020).
Suicídio:
A pessoa que pensa em suicídio vive um sofrimento psíquica intenso, com sentimentos de desesperança, e o ato não deve ser visto como covardia. Mesmo pensamentos suicidas temporários devem ser levados a sério. Embora nem todos os suicídios tenham vínculo com hereditariedade, um histórico familiar aumenta o risco. Tentativas prévias de suicídio elevam a chance de novas tentativas, mas tratamentos podem ajudar a prevenir isso. É fundamental estar atento aos sinais e oferecer apoio. Cerca de 75% das vítimas de suicídio deixam sinais ou falam sobre suas intenções, e frases como "minha vida não presta" podem ser indícios de pedido de socorro. Falar sobre suicídio, faz-se necessário, visto que possibilita que a pessoa se abra e busque ajuda por tratamento adequado (Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio/15 a 18 anos, 2020).
Automutilação:
A automutilação não é um transtorno mental, mas um comportamento relacionado a problemas emocionais e mentais, sendo um importante sinal de adoecimento. Geralmente, é um pedido de socorro e não uma busca por atenção. Quem se automutila busca aliviar dor emocional e, apesar de não ter intenção suicida, pensamentos suicidas podem surgir. Tratamentos são necessários para reduzir ou cessar a prática, que pode se tornar uma "válvula de escape" momentânea para o sofrimento (Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio/15 a 18 anos, 2020).
Para realizar o plano terapêutico da criança ou do adolescente, faz-se necessário realizar a classificação de risco do quadro apresentado, a fim de pactuar intervenções.
Após a classificação, é importante trazer para o momento da consulta perguntas abertas e fechadas em relação aos sentimentos e eventos do contexto vivenciado pelo paciente. Para isso, é necessária a construção do vínculo para que a criança ou o adolescente sintam confiança em expor pensamentos, livre de julgamentos.
Você está triste?
Há algo que está preocupando você?
Você se sente sozinho?
Você acha que alguém se preocupa com você?
Se a morte viesse, ela seria bem-vinda?
Você já se automutilou ou atualmente se automutila?
Você já pensou ou tem pensado em morrer?
Você já pensou em tirar a própria vida?
Você já tentou tirar a própria vida?
Você planeja tirar a própria vida? Tem data?
Você tem meios para tirar a própria vida?
*Além da depressão, existem também outros transtornos mentais mais associados ao comportamento suicida e autolesão. São eles: transtorno bipolar, transtornos relacionados ao consumo de álcool e outras substâncias e esquizofrenia. O risco é maior com a associação entre duas condições, como no caso de uma pessoa com depressão e dependência de álcool.
18.4. Transtornos alimentares – Anorexia nervosa e Bulimia nervosa
Transtornos alimentares são caracterizados por um distúrbio persistente do comportamento alimentar ou relacionado à alimentação, que resulta em consumo ou absorção alterados de alimentos e prejudica significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial.
A anorexia e bulimia constituem transtornos alimentares que acometem, principalmente, adolescentes e adultos jovens, mais do sexo feminino, apresentando gravidade semelhante em ambos os sexos.
Anorexia NervosaA anorexia nervosa é caracterizada pela recusa em manter um peso corporal saudável, acompanhada de distúrbios na percepção do peso e imagem corporal. Pode levar a consequências graves, como desnutrição extrema e até a morte. O transtorno geralmente é desencadeado por fatores estressantes, como comentários sobre o peso ou questões emocionais. Os indivíduos afetados frequentemente se percebem gordos, apesar de estarem excessivamente magros.
O diagnóstico é feito com base em critérios do DSM-5, que incluem: restrição de ingestão calórica, medo intenso de ganhar peso e distorção da imagem corporal. A anorexia pode ser classificada em dois tipos: restritivo, quando a perda de peso ocorre por dietas e exercícios excessivos, e compulsão alimentar com purgação, que envolve episódios de compulsão seguidos de métodos para eliminar calorias.
Com o tempo, o emagrecimento tende a se intensificar, e o tratamento é frequentemente buscado pelos familiares devido à desnutrição, embora o adolescente possa resistir. Durante a consulta, é essencial realizar uma avaliação clínica e mental cuidadosa, considerando outras possíveis doenças psiquiátricas, e avaliar a rede de apoio do paciente. A colaboração com equipes de saúde é importante para o tratamento eficaz. Realizar matriciamento com a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) e Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Bulimia NervosaA Bulimia Nervosa é marcada por episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos ou uso de laxantes, para evitar o ganho de peso. O transtorno é mais comum em mulheres e geralmente se inicia na adolescência ou início da idade adulta. Durante os episódios de compulsão alimentar, o indivíduo consome grandes quantidades de comida rapidamente, tentando depois controlar o peso de forma extrema.
Os episódios de compulsão alimentar provocam sentimentos de baixa autoestima, culpa, vergonha e depressão, levando ao isolamento social e evitando interações com os outros. A etiologia da bulimia também está frequentemente ligada a conflitos familiares, abuso sexual na infância e questões relacionadas ao desenvolvimento da feminilidade.
O tratamento da bulimia é desafiador, complexo e envolve uma abordagem multidisciplinar, com terapia nutricional, psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos. Embora a desnutrição não seja tão grave quanto na anorexia nervosa, o impacto social e familiar das duas condições é similar. Diversas abordagens terapêuticas são necessárias, incluindo terapia nutricional, psicofarmacoterapia e psicoterapia individual e familiar, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. Os episódios de compulsão alimentar provocam sentimentos de baixa autoestima, culpa, vergonha e depressão, levando ao isolamento social e evitando interações com os outros. A etiologia da bulimia também está frequentemente ligada a conflitos familiares, abuso sexual na infância e questões relacionadas ao desenvolvimento da feminilidade.
Avaliação subjetiva nos Transtornos Alimentares:
Tópicos a serem abordados na avaliação subjetiva nos transtornos alimentares.
Exame físico:
Realizar um exame físico completo, com especial atenção para os sinais vitais, pele, sistema cardiovascular e evidências de abuso de laxantes ou diuréticos e vômitos.
Avaliar os indicadores de crescimento, desenvolvimento sexual e desenvolvimento físico.
Ferramentas para investigação:
Para identificar se o adolescente tem predisposição para desenvolver transtorno alimentar é possível utilizar as escalas seguintes escalas de avaliação: A escala Eating Attitudes Test – (EAT-26). O EAT-26 é um instrumento de autopreenchimento, composto por 26 questões na forma de escala Likert de pontos (sempre = 3; muitas vezes = 2; frequentemente = 1; poucas vezes, quase nunca e nunca = 0).
É baseado em três critérios:
Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem nos Transtornos Alimentares no Adolescente.
18.5. Bullying
Bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima.
Subtipos de Bullying de acordo com a ação praticada:
O bullying pode ainda se manifestar em três modalidades: direta ou indireta
Intervenções do Enfermeiro frente ao Bullying:
Acolhimento inicial, com escuta qualificada em um local que transmita segurança e garanta sigilo, percepção das necessidades do adolescente de forma legitima e sem julgamentos, de modo a buscar a resolutividade da situação apresentada.
Quando detectada uma situação de bullying, a equipe ESF deve articular com a unidade de ensino e propor trabalho intersetorial com intervenções educacionais, tendo como uma possível ferramenta a implementação de grupos com o objetivo de estimular o entendimento em relação ao bullying, suas implicações no universo escolar e consequentemente, na sociedade.
As ações preventivas frente ao Bullying devem ser realizadas continuamente por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), incluindo esta temática em seu planejamento e intervenção, como já previsto pela portaria.
Bullying contra adolescentes dissidentes da matriz cis-heteronormativa
Este tipo de bullying está relacionado a atitudes agressivas no que tange questões de identidade de gênero, orientação sexual e questões como estereótipos relacionados ao gênero. A exemplo, temos incluídos neste grupo lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, dentre outros.
O Enfermeiro necessita conhecer as definições relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual e abrir-se para compreender como o adolescente vivencia e lida com elas. Não se pode esquecer que na fase da adolescência os indivíduos estão se reconhecendo, criando sua identidade e agindo de acordo com suas preferências.
A seguir algumas definições que podem auxiliar o enfermeiro durante o atendimento de adolescentes, seja em consultas, atividades de educação em saúde ou em situação de bullying, no que tange as questões acima mencionadas.
Gênero: formas de se identificar e da pessoa ser identificada como homem ou como mulher. Gênero é social. Na definição do gênero o que importa não são os cromossomos ou a conformação genital, mas a forma como a pessoa se percebe e se expressa socialmente (homem ou mulher).
Transexual: termo genérico que caracteriza a pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no seu nascimento.
Pessoas transexuais geralmente sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem “corrigir” isso adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode se dar de várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos hormonais e até procedimentos cirúrgicos.
Sexo: Classificação biológica das pessoas como machos ou fêmeas, baseada em características orgânicas como cromossomos, níveis hormonais, órgãos reprodutivos e genitais.
Intersexualidade: Conjunto amplo de variações dos corpos tidos como masculinos e femininos, que engloba, conforme a denominação médica, hermafroditas verdadeiros e pseudo-hermafroditas.
Travesti: Pessoa que vivencia papéis de gênero feminino, mas não se reconhece
como homem ou mulher, entendendo-se como integrante de um terceiro gênero ou de um não-gênero.
Queer ou Andrógino ou Transgênero: Pessoa que não se enquadra em nenhuma identidade ou expressão de gênero.
Orientação sexual: refere-se à atração afetivossexual por alguém de algum(ns) gênero(s).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 19 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS)
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS)
No Brasil, a oficialização das PICS ocorreu com a publicação da Portaria no 971/2006, que criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Posteriormente, em 2017 e em 2018, por meio das Portarias nº 849/2017 e nº 702/2018 respectivamente, novas práticas foram incluídas. Atualmente são 29 PICS reconhecidas e disponibilizadas na rede de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS). As definições de cada uma delas podem ser consultadas no site da área técnica de Saúde Integrativa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS/SP) (link: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/index.php?p=236370).
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e a Enfermagem
A atuação da enfermagem nas PICS cresce e ganha cada vez mais espaço no mundo e na Atenção Primária à Saúde. A regulamentação da atuação da categoria nas Prática Integrativas e Complementares no Brasil foi visionária tendo iniciado com a Resolução do COFEN nº 197/1997, que foi publicada antes da PNPIC em 2006.
Na resolução do Cofen nº 739 de 5 de fevereiro de 2024, que normatiza a atuação da enfermagem nas PICS, há a recomendação da carga horária mínima para a atuação dos profissionais de enfermagem capacitados por meio de cursos livres e de pós graduação.
A resolução ressalta que, após as devidas capacitações, as(os) enfermeiras(os) poderão atuar em todas as PICS descritas na PNPIC, já os técnicos e auxiliares de enfermagem poderão atuar em algumas PICS, na modalidade de curso livre, desde que estejam sob a supervisão e orientação do Enfermeiro.
As Terapias Integrativas foram reafirmadas como especialidade de Enfermagem por meio da Resolução Cofen nº 581 de 2018, assegurando o respaldo ao profissional para atuação nesse cenário, bem como para desenvolver pesquisas na área das PICS. A Acupuntura havia sido regulamentada pela Resolução nº 362/2008, que autorizava o exercício da Acupuntura, após pós-graduação de 1.200 horas, com 1/3 de conteúdo teórico e 2 anos de curso e a Resolução nº 585/2018 que estabeleceu e reconheceu a Acupuntura como especialidade e ou qualificação do profissional de Enfermagem após a decisão judicial do Tribunal Regional Federal (TRF), que foi favorável à Enfermagem no que diz respeito ao exercício da Acupuntura, desde que mantidas as definições quanto à formação, conforme a Resolução 362/2008. Para a sua execução devem constar no prontuário do paciente: a coleta de dados (anamnese), avaliação e identificação dos problemas, diagnóstico da MTC, princípios de tratamento, pontos de acupuntura a cada sessão, material utilizado, método de estímulo (tonificação, harmonização ou sedação) e tempo de aplicação, bem como as intervenções pactuadas com o paciente em seu plano de cuidado e a resposta do mesmo. Portanto os enfermeiros da SMS/SP, que atenderem as resoluções do COFEN, poderão realizar as aplicações de Acupuntura e PICS no sentido de ampliar o acesso aos pacientes do SUS, atuando de forma harmônica com a equipe multiprofissional, além de registrarem no sistema de informação o código destes procedimentos.
Conforme a Resolução COFEN Nº 739, de 05 de fevereiro de 2024, compete ao Enfermeiro:
Exercer cuidados de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas. Assim, compete-lhe:
a) Indicar, prescrever e implementar as PICS em todos os níveis de atenção, nos âmbitos privado e público;
b) Coordenar, planejar, organizar e orientar a equipe de enfermagem na implementação das PICS na assistência de enfermagem;
c) Utilizar os conceitos e visão de ser humano integral e de acolhimento como modelo de atendimento no oferecimento das PICS em sua prática;
d) Instituir protocolos de atendimento em PICS nos serviços de saúde;
e) Conduzir e coordenar atendimentos de PICS individuais e/ou em grupo;
f) Desenvolver e incentivar ações favoráveis ao aperfeiçoamento e educação permanente, com o intuito de garantir a capacitação e atualização da equipe de enfermagem no âmbito das PICS;
g) Realizar o processo de enfermagem e registrar no prontuário os dados relativos à atividade implementada de PICS;
h) Promover o ensino e a pesquisa em PICS como contribuição para o conhecimento científico da Enfermagem;
i) Manter-se atualizado em relação aos referenciais técnico-científicos, a legislação vigente, a segurança do usuário e do profissional e quanto aos aspectos éticos relativos às boas práticas em PICS na assistência de enfermagem;
j) Atuar como docente em disciplinas de graduação e pós-graduação em PICS;
k) Estabelecer e coordenar consultórios e clínicas de Enfermagem com foco em PICS, seguindo legislação vigente.
Compete ao Técnico e ao Auxiliar de Enfermagem
Participar da execução das PICS, naquilo que lhes couber, sob a supervisão e orientação do Enfermeiro. Assim, compete-lhes:
a) Auxiliar o enfermeiro na assistência de enfermagem em PICS;
b) Realizar as PICS conforme seu grau de habilitação, sob supervisão e orientação do enfermeiro.
As PICS são aplicadas em todas as fases da vida, inclusive na infância e adolescência, desde que o profissional esteja habilitado para reconhecer quais são as particularidades e limitações de cada ação para esse público, como por exemplo a acupuntura, que pode ser realizada através de estímulos não invasivos, nos canais energéticos, como o uso de sementes, moxabustão, pressão com os dedos, trigramas, cromopuntura e laser. Temos ainda a o uso de fitoterápicos que pode levar as crianças menores de dois anos a episódios de diarreia, internação por problemas respiratórios, desnutrição, dentre outros. Portanto, cabe aos enfermeiros conhecer as especificidades, benefícios e contraindicações de cada Prática Integrativa, garantindo assim uma assistência segura e eficaz.
Alguns estudos já apontam a importância das PICS, de forma isolada ou complementar, para uma abordagem de saúde integral com a criança e adolescente, pois propicia a promoção, a reabilitação, a prevenção e a cura de alguns agravos, de forma a garantir a longitudinalidade do cuidado.
Alguns artigos evidenciam a importância de algumas práticas para as crianças e adolescentes e indicam resultados positivos em diversos estudos sobre as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), abrangendo quatro dimensões. A primeira é a dimensão física e metabólica, que inclui indicadores de marcadores fisiopatológicos, além de sinais e sintomas de doenças agudas e crônicas, como dor, câncer, doenças neurológicas e distúrbios osteomusculares. A segunda dimensão refere-se à vitalidade, bem-estar e qualidade de vida. A terceira dimensão diz respeito à saúde mental, abordando questões como ansiedade, estresse, depressão e insônia. Por fim, a quarta dimensão envolve a saúde socioambiental e a espiritualidade, que considera a relação entre saúde, ambiente, fatores econômicos e a sociedade, além da espiritualidade, influenciando o processo de saúde e doença.
Práticas Integrativas e Complementares (PICS) e os seus efeitos positivos nos desfechos clínicos, de acordo com estudos previamente realizados sobre o tema.
Além dos aspectos mencionados anteriormente, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) também favorecem o desenvolvimento motor e comportamental de crianças e adolescentes. Para isso, é essencial que o enfermeiro identifique as necessidades das crianças e quais Práticas podem beneficia-las, com o objetivo de promover a autonomia das mesmas.
As PICS realizadas pela equipe de enfermagem devem ser anotadas no Prontuário do Paciente, seguindo as orientações do Guia de Recomendações para os Registros de Enfermagem no Prontuário do Paciente, elaborado pelo COFEN, em 2015.
Todos os insumos utilizados durante as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde devem ter sido padronizados pela SMS/SP.
Antes de iniciarem as PICS no âmbito da SMS/SP os profissionais devem remeter seus certificados para avaliação da Área Técnica da Saúde Integrativa, em sua instância superior, na SMS/SP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 20 - USO DE TELAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
É cada vez mais presente o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC), redes sociais e Internet pelas crianças e adolescentes, cujas repercussões de curto, médio e longo prazo se estabelecem em diversos componentes da saúde (física, mental, emocional, social).
Recomendações sobre o tempo de uso de telas por faixa etária segundo a SBP (2019):
Conforme postulado pela SBP (2019) as principais repercussões do uso inadequado das TICs, redes sociais e Internet são:
20.1. Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem para uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC), redes sociais e Internet pelas crianças e adolescentes – CIPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 21 – VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A violência contra crianças e adolescentes pode ser definida como qualquer ação ou omissão que cause dano ou sofrimento físico, psicológico ou sexual a pessoas com até 19 anos de idade. Essa violência pode ocorrer em diferentes contextos, como na família, na escola, na comunidade ou na internet, e envolver diferentes agentes, como pais, parentes, professores, colegas, vizinhos ou desconhecidos. A violência pode ser classificada em diferentes tipos, como:
● Violência física: é o uso da força física para ferir, machucar ou provocar dor na criança ou no adolescente. Exemplos: bater, chutar, queimar, cortar, morder, sacudir ou sufocar.
● Violência psicológica: é o uso de palavras ou gestos para humilhar, ameaçar, rejeitar, isolar ou manipular a criança ou o adolescente. Exemplos: xingar, ofender, ridicularizar, criticar excessivamente, ignorar ou privar de afeto.
● Violência sexual: é o envolvimento da criança ou do adolescente em atividades sexuais que não correspondem ao seu nível de desenvolvimento ou que violam as normas legais ou sociais. Exemplos: abuso sexual (tocar, beijar, penetrar ou expor os órgãos genitais), exploração sexual (usar a criança ou o adolescente para fins comerciais ou pornográficos), assédio sexual (fazer propostas indecentes ou comentários obscenos) ou pornografia infantil (produzir, divulgar ou consumir imagens de crianças ou adolescentes em situações sexuais).
● Violência patrimonial: é o uso indevido ou a destruição dos bens materiais da criança ou do adolescente. Exemplos: roubar, extorquir, danificar ou se apropriar dos objetos pessoais, documentos ou recursos financeiros.
● Negligência: é a falta de cuidado ou de atenção às necessidades básicas da criança ou do adolescente. Exemplos: deixar de alimentar, vestir, higienizar, educar, proteger ou levar ao médico.
● Trabalho infantil: é a exploração da mão de obra da criança ou do adolescente em atividades que prejudicam seu desenvolvimento físico, mental, social ou educacional. Exemplos: trabalho doméstico, trabalho rural, trabalho industrial, trabalho informal ou trabalho escravo.
Causas da violência contra crianças e adolescentes
A violência contra crianças e adolescentes não tem uma causa única nem simples. Ela é resultado de uma complexa interação de fatores individuais, familiares, sociais e culturais que influenciam as atitudes e os comportamentos dos agressores e das vítimas. Alguns desses fatores são:
● Fatores individuais: são as características pessoais dos agressores e das vítimas que podem aumentar a probabilidade ou a vulnerabilidade à violência. Exemplos: idade (crianças menores são mais suscetíveis), sexo (meninas sofrem mais violência sexual), etnia (crianças negras sofrem mais discriminação), deficiência (crianças com deficiência sofrem mais abuso), personalidade (agressores podem ter baixa autoestima, impulsividade, agressividade ou transtornos mentais), história de vida (agressores e vítimas podem ter sofrido ou testemunhado violência na infância ou na adolescência), consumo de álcool ou drogas (agressores e vítimas podem estar sob efeito de substâncias que alteram o julgamento ou a percepção).
● Fatores familiares: são as condições e as relações no ambiente doméstico dos agressores e das vítimas que podem favorecer ou dificultar a violência. Exemplos: estrutura familiar (famílias monoparentais, reconstituídas ou extensas podem ter mais conflitos ou menos supervisão), vínculo afetivo (famílias com baixa coesão, comunicação ou apoio podem gerar mais insatisfação ou frustração), padrão educativo (famílias com estilos autoritários, permissivos ou negligentes podem transmitir mais violência ou desrespeito), situação socioeconômica (famílias com baixa renda, escolaridade ou acesso a serviços podem enfrentar mais estresse ou privação), violência doméstica (famílias com histórico de violência entre os parceiros podem reproduzir ou tolerar a violência contra as crianças e os adolescentes).
● Fatores sociais: são as influências e as pressões do contexto externo aos agressores e às vítimas que podem estimular ou inibir a violência. Exemplos: rede social (amigos, vizinhos, professores ou profissionais que podem oferecer apoio, orientação ou denúncia), instituições sociais (escolas, igrejas, organizações ou mídias que podem promover valores, normas ou informações), políticas públicas (leis, programas ou serviços que podem garantir direitos, proteção ou assistência), condições ambientais (violência urbana, desemprego, pobreza ou desigualdade que podem gerar insegurança, revolta ou exclusão).
● Fatores culturais: são as crenças e os costumes da sociedade em que os agressores e as vítimas estão inseridos que podem justificar ou condenar a violência. Exemplos: cultura patriarcal (que atribui superioridade ao homem sobre a mulher e aos adultos sobre as crianças), cultura machista (que legitima a dominação masculina sobre o feminino e a sexualização precoce das meninas), cultura da violência (que naturaliza a violência como forma de resolver conflitos ou expressar sentimentos), cultura do silêncio (que impede a fala ou a escuta das vítimas de violência por medo, vergonha ou culpa).
Consequências da violência contra crianças e adolescentes
A violência contra crianças e adolescentes pode trazer sérias consequências para o desenvolvimento físico, psicológico, social e educacional das vítimas. Essas consequências podem variar de acordo com o tipo, a frequência, a intensidade e a duração da violência, bem como com as características, os recursos e as reações das vítimas. Algumas dessas consequências são:
● Consequências físicas: são os danos causados ao corpo da criança ou do adolescente pela violência. Exemplos: ferimentos, hematomas, fraturas, queimaduras, cortes, mordidas, cicatrizes, infecções, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, aborto provocado, desnutrição, doenças crônicas ou morte.
● Consequências psicológicas: são os danos causados à mente da criança ou do adolescente pela violência. Exemplos: medo, ansiedade, tristeza, depressão, raiva, culpa, vergonha, baixa autoestima, baixo autocontrole, dificuldade de confiança, dificuldade de aprendizagem, dificuldade de concentração, dificuldade de memória, dificuldade de expressão, dificuldade de relacionamento, isolamento social, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno dissociativo, transtorno de personalidade, transtorno alimentar, transtorno do sono, transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno de pânico, transtorno de adaptação, transtorno de conduta, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno do espectro autista, transtorno bipolar, esquizofrenia ou suicídio.
● Consequências sociais: são os danos causados à interação da criança ou do adolescente com os outros pela violência. Exemplos: retraimento social, agressividade social, bullying (ser vítima ou agressor), violência interpessoal (contra parceiros, amigos ou familiares), violência coletiva (contra grupos sociais ou instituições), marginalização social (exclusão ou discriminação), violação de direitos (desrespeito ou negação), criminalidade (envolvimento em atos ilícitos ou infrações), drogadição (uso abusivo ou dependência de substâncias), gravidez precoce (gestação antes dos 18 anos), evasão escolar (abandono ou desistência dos estudos) ou desemprego (falta ou perda de trabalho).
● Consequências educacionais: são os danos causados à aprendizagem da criança ou do adolescente pela violência. Exemplos: baixo rendimento escolar (notas baixas ou reprovação), dificuldade cognitiva (raciocínio lógico, linguagem oral ou escrita), dificuldade afetiva (motivação, interesse ou prazer), dificuldade comportamental (disciplina, atenção ou participação), dificuldade relacional (cooperação, respeito ou solidariedade), dificuldade pedagógica (metodologia, avaliação ou currículo), violência escolar (agressão física, verbal ou moral entre alunos ou entre alunos e professores) ou abandono escolar (saída definitiva da escola).
21.1. Alterações comportamentais da criança e do adolescente em situações de violência
21.2 Sinais de violência sexual em crianças e adolescentes
Qualquer profissional de saúde, deve acionar o Núcleo de Prevenção de Violência (NPV) que é a equipe de referência do Serviço de Saúde para pessoas em situação de violência e é responsável pela organização do cuidado e articulação das ações a serem desencadeadas para a superação da violência. Uma organização forte e qualificada rede de cuidados pressupõe um trabalho em equipe, portanto cabe ao NPV desenvolver ações intra e intersetoriais.
As situações de violência entram no Fluxo Integrado por diversas portas da rede de proteção intersetorial e, ainda, por meio de denúncia, sistema de justiça e conselhos tutelares, sendo objetivos:
- Garantir o direito de confidencialidade e do sigilo em todos os momentos e atendimentos.
- A maior parte das violências acontece em ambiente doméstico, exigindo sensibilidade e cuidado ao observar alterações de comportamento ou sinais corporais.
- Acionar de imediato do fluxo em todos os casos, sobretudo nos que envolvem violência sexual, física grave e autoprovocada.
- Acolher a pessoa em situação de violência em todas as suas necessidades;
- Não revitimizar, não deve envolver procedimentos desnecessários, repetitivos e invasivos, que revivam a violência, gerando sofrimento, estigmatização ou exposição.
21.3. Esquema antirretroviral para PEP - Criança
Tratamento para Profilaxia das IST em Situações de Violência Sexual
21.4 Em caso de suspeita ou confirmação de violência
*Na emoli, um dos papéis fundamentais no acompanhamento referencial de adolescentes em situação de violência ou no apoio matricial às ESF é o do psicólogo, que deve receber formação e/ou treinamento adequado para acompanhamento de adolescentes em situações de violências.
Documentos para notificação de Violência (clique para ser direcionado):
SINAN - Instrutivo Complementar para o Município de São Paulo - 2019
Manual de Verificação de Possíveis Inconsistências no SINAN das Violências
Comunicado para o Conselho Tutelar
Nota Técnica 001/2018 -Área Técnica de Saúde da Criança e do Adolescente
Nota Técnica CVDANT 01/2021 - Orientação sobre o registro de lesões autoprovocadas na ficha de notificação de violência interpessoal e autoprovocada do SINAN
Nota Técnica CVDANT 01/2022 – Orientação sobre o registro de ocupação para crianças e adolescentes na ficha de notificação de violência interpessoal e autoprovocada do SINAN
Nota Técnica Nº 62/2022-CGDANT/DAENT/SVS/MS
Nota Técnica NDANT Nº01/2023 – Orientação complementar à NOTA TÉCNICA Nº 62/2022- CGDANT/DAENT/SVS/MS
Em caso de suspeita ou confirmação de distúrbios psiquiátricos e/ou uso abusivo de álcool e outras drogas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 22 - BRINCAR E O CONVÍVIO COM A NATUREZA
Enfermeiros devem ter como prioridade intervenções que estimulem o brincar ao ar livre e a conexão com a natureza para crianças e adolescentes de todas as idades. No Brasil, o direito à natureza e ao brincar está previsto em vários marcos legais relacionados à infância e à adolescência.
As crianças e adolescentes devem ter acesso diário, no mínimo por uma hora, a oportunidades de brincar, aprender e conviver com a natureza para que possam se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social.
Brincar durante a infância está associado ao pleno desenvolvimento cerebral. Como resultado, há melhorias nas:
O convívio com a natureza na infância e na adolescência melhora:
Há também benefícios ligados aos valores éticos ética e do campo da sensibilidade, como encantamento, empatia, humildade e senso de pertencimento.
Avaliação Subjetiva sobre o Brincar e o Convívio com a Natureza
Perguntar sobre:
Avaliar:
Orientações Gerais sobre o Brincar e o Convívio com a Natureza
Crianças
Adolescentes
Intervenções com as crianças, adolescentes e suas famílias para o convívio com a natureza:
22.1 Alguns diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem para o brincar e o convívio com a natureza para crianças e adolescentes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hughes J, Rogerson M, Barton J, Bragg R. Age and connection to nature: when is engagement critical? Front Ecol Environ. 2019;17(5):265-9.
ANEXO 1 - Símbolos utilizados no Genograma
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
ANEXO 2
- Linhas de relacionamento e de moradia
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
ANEXO 3
- Exemplo de um genograma
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
ANEXO 4 - Estrutura de um ecomapa
Fonte: Horta, 2008
ANEXO 5 - Símbolos utilizados no diagrama de vínculos
Fonte: Horta, 2008
ANEXO 6 - Questionário SNAP IV